sábado, 18 de novembro de 2017

Cobertura em Miami Sendo Vendida a US$ 3.5 Milhões em Bitcoin


Eric Fernandez, proprietário da Imobiliária Sol/Mar, recentemente listou uma cobertura de US$ 3,5 milhões no Blue Diamond em Miami Beach, Flórida, dizendo que os proprietários aceitam o pagamento em bitcoin ou Ethereum, de acordo com o Miami New Times.
Fernández acredita que é apenas uma questão de tempo antes que a aceitação de bitcoin para aquisições de imóveis ganhe popularidade.
Fernandez não é o único agente imobiliário que espera que mais casas sejam compradas com a moeda digital. Bitcoin está alcançando compradores internacionais. Alguns acreditam que Miami irá liderar essa tendência.

Porque Miami irá liderar

O corretor de imóveis Stephan Burke, que listou uma mansão para venda em agosto, dizendo que o vendedor aceitaria bitcoin, observou em uma recente opinião no Miami Herald que Miami é um mercado ideal para o bitcoin, pois atrai investidores da América do Sul, Canadá , Ásia e Rússia.
Em agosto, Mike Komaransky colocou uma casa de sete quartos em Miami por US$ 6,5 milhões, aceitando o pagamento em bitcoin. Mas, porque poucas casas foram compradas usando bitcoin, os corretores de imóveis não têm nenhuma orientação sobre como essas operações funcionarão.

Bitcoin apresenta desafios

Fernandez disse que aceitar o pagamento em bitcoin para imóveis é um desafio. O dinheiro é mantido em custódia no setor imobiliário tradicional. Mas um comprador não pode ir ao Bank of America ou Wells Fargo e depositar bitcoin.
A volatilidade do Bitcoin também apresenta um desafio para as transações imobiliárias. Um indivíduo fez mais de US$ 1,3 milhão usando bitcoin em uma compra de imóveis no Texas devido a mudanças de valor. Fernández, no entanto, acredita que os vendedores farão transações de imóveis reais como uma forma de apostar no futuro do bitcoin e Ethereum.
Esses indivíduos são investidores em busca de mercados emergentes, disse Fernández, e eles acreditam que o uso da criptomoeda crescerá.
Fonte: portaldobitcoin.com

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Comunicado 31.379 sobre “Moedas virtuais”: do que o Banco Central tem medo?

Ontem, pela segunda vez, o Banco Central se manifestou sobre o que chama, incongruentemente, de “moedas virtuais”, por meio do Comunicado 31.379. Em fevereiro de 2014 a instituição abordou pela primeira vez o assunto, no Comunicado 25.306, declarando que as “moedas virtuais”, ou “criptografadas”, não são consideradas moedas e não se confundem com as moedas eletrônicas, definidas na Lei 12.685/2013.
Foram feitos os devidos alertas de que se trata de uma “moeda” não emitida por qualquer autoridade governamental, sem garantia de conversão e cujo valor depende da credibilidade dos usuários no sistema como um todo. Também é mencionada a grande oscilação no valor, ainda que o motivo dado para tanto não seja o mais correto.
Além disso, foi mencionado que as criptomoedas costumam ser utilizadas para a prática de ilícitos e que qualquer utilização é feita por conta e risco dos usuários. Por fim, o Bacen mencionou que o uso da “moeda virtual” não representaria um risco ao Sistema Financeiro naquele momento e que acompanharia o assunto para intervenção, se fosse necessário.
O primeiro Comunicado do Banco Central padece de algumas inconsistências técnicas, como, por exemplo, afirmar que não é moeda, mas insistir em chamar de “moeda virtual”. Estudando com mais profundidade o tema, conclui-se que, na verdade, se trata de um criptoativo, ou seja, um ativo digital baseado em criptografia, que pode ter diferentes utilizações, inclusive transferência e reserva de valor, quando assume algumas características de moeda.
No entanto, no primeiro Comunicado o Banco Central foi mais feliz do que no segundo, pois apenas cumpriu sua função de informar à sociedade sobre o assunto, mas não tentou regular prematura e equivocadamente o tema, o que poderia ter prejudicado o desenvolvimento de uma tecnologia tão promissora. A propósito, apenas países pouco democráticos como a Bolívia, Venezuela, Bangladesh optaram por proibir os criptoativos.
Contudo, no Comunicado 31.379, de 16 de novembro de 2016, o Banco Central começou a dar indícios de qual poderá ser seu posicionamento sobre a tecnologia, e não foi um bom sinal. Houve mais equívocos nesse dispositivo do que no primeiro e nota-se uma evidente intenção de desacreditar as “moedas virtuais”. Destaca que, se utilizadas em atividades ilícitas, pode expor seus detentores a investigações, como se isso não acontecesse com a utilização de qualquer outro meio.
Afirma que as empresas que negociam esses ativos em nome dos usuários não são autorizadas pelo Banco Central, em uma forma de linguagem tendenciosa, que faz parecer que todos os tipos de empresa no Brasil precisam ser regulados pelo órgão para operarem e o fato de não o ser, seja um demérito. Ora, mas se não é moeda, porque as empresas que operam precisariam ser reguladas pelo Bacen?
Essa afirmação e a forma como foi inserida no Comunicado desconsidera que, apesar de não reguladas pelo Bacen, as empresas que operam com criptoativos estão sujeitas à outras regulamentações, como o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor, e, ao contrário do que faz parecer com a redação do Comunicado, não são “terra de ninguém” e território aberto para a prática de qualquer tipo de irregularidades. Em geral, há empresas que atuam, inclusive, sob políticas internacionais de KYC (“Know your Customer”), como comunicar às autoridades transações acima de determinado valor, não aceitar depósitos em espécie e até solicitar declaração de Imposto de Renda em transações consideradas suspeitas.
Mas o maior problema do Comunicado 31.379 é a proibição de utilização dos criptoativos para operações que representem transferências internacionais de valores, mencionando que essas são de realização exclusiva das instituições autorizadas pelo Banco Central. Não houve sequer a intenção de tentar adequar as “moedas virtuais” aos procedimentos já existentes para as instituições autorizadas, gerando uma paridade de tratamento. Com essa proibição, se um usuário quiser efetuar o pagamento de um congresso no Exterior, por exemplo, em Bitcoin, isso está proibido pelo Comunicado.
Nesse sentido, a proibição em questão sinaliza uma posição refratária a qualquer nova tecnologia que possa abalar o monopólio dos bancos, que praticamente dominam esse mercado, e a forma atual de se fazer pagamentos ao exterior. No entanto, o sistema cambiário foi criado numa época onde só existia essa possibilidade e o fato é que a evolução dos tempos e da tecnologia está apresentando outras possibilidades.
E mesmo em termos de tributação, é preciso ser coerente no discurso e interpretação, se “moeda virtual” não é moeda, as transações com ela não são financeiras, então porque o pagamento de um congresso em Bitcoin, por exemplo, deveria que ser tributado pelo IOF?
É claro que isso não significa que outras operações com criptoativos não sejam tributáveis, pois certamente o são, justamente por isso seria necessário adaptar o sistema para a nova tecnologia, viabilizando sua utilização e prevendo as hipóteses de incidência tributária, o que aumentaria a arrecadação, inclusive, e não simplesmente proibindo-a. A verdade é que a nova tecnologia causa medo ao regulador, e isso não é privilégio do regulador brasileiro, à exemplo do que ocorreu no processo de regulação do Estado de Nova York.
Mas do que efetivamente o regulador tem medo?
A tecnologia dos criptoativos envolve algo que mexe com a estrutura de poder e controle que os reguladores estão acostumados há séculos, uma palavra perigosa, mas que pode mudar tudo: descentralização. Mas não será a descentralização um caminho inafastável, quando toda a humanidade se der conta que uma sociedade é mais livre e justa quanto maior for o cidadão e menor o Estado? Vale a pena refletir.
© 2017 Emília Malgueiro Campos é advogada especialista em propriedade intelectual e direito digital, sócia do Malgueiro Campos Advocacia.
Fonte: portaldobitcoin.com

Shopping do Recife passa a aceitar bitcoin como forma de pagamento

Com informações de Thatiana Pimentel/Diario de Pernambuco
Até o ano que vem, o Paço Alfândega passará a aceitar, em todas as suas operações, o bitcoin – a moeda virtual que promete eliminar intermediações bancárias. Uma unidade da moeda, no câmbio atual, está valendo mais de R$7 mil. O Paço quer se tornar o primeiro centro de compras do Brasil a trabalhar com o bitcoin em todas as lojas. O primeiro estabelecimento a aceitar a forma de pagamento foi a La Douane. Além disso, o shopping vai receber a CoinWise, a primeira empresa especializada na moeda virtual no Nordeste.
Bitcoin - Crédito: Reprodução
O Paço também já disponibilizou uma máquina, na própria La Douane, onde é possível comprar e trocar bitcoins. Outras máquinas estão sendo colocadas no mall, e a ideia é que o Recife se torne a capital nacional do bitcoin. A moeda ainda pode ser usada como forma de investimento e é considerada quase impossível de ser fraudada. Nos últimos dois anos, o bitcoin teve uma valorização de quase 200%.

Bitcoin enfrenta proliferação de rivais em luta por mercado

Além do bitcoin cash, existe o bitcoin diamond, o bitcoin silver, o bitcoin unlimited e o superbitcoin -- a proposta mais recente


Está ficando cada vez mais difícil acompanhar todas as versões do bitcoin.

Novas versões da moeda criptografada estão se multiplicando porque persistem os desacordos sobre o design do bitcoin e é difícil ignorar as oportunidades de ganhar dinheiro rapidamente.


A principal derivação, chamada bitcoin cash, apareceu em agosto depois do chamado hard fork no blockchain do bitcoin. Essa ramificação, cotada atualmente a US$ 18 bilhões, foi seguida de outra, que criou o bitcoin gold em outubro, e que não teve tanto sucesso, e agora várias cisões adicionais estão sendo planejadas.

Existe o bitcoin diamond, o bitcoin silver, o bitcoin unlimited e o superbitcoin -- a proposta mais recente. O site que promove o superbitcoin diz que a ramificação é apoiada por Li Xiaolai, um empreendedor chinês de moedas criptografadas. A moeda promete “tornar o bitcoin importante novamente” com medidas como, entre outras, aumentar o tamanho dos blocos nos quais as transações são processadas -- medida que diminuiria os tempos de confirmação e as taxas.

A proliferação de projetos de fragmentação do bitcoin é em parte resultado do design descentralizado da moeda criptografada. O software que sustenta o bitcoin é de código aberto, ou seja, qualquer um pode copiá-lo e ajustá-lo para criar uma nova versão da moeda se tiver problemas com a original. Existe também um motivo relacionado aos lucros: se as ramificações tiverem sucesso, os criadores podem obter lucros inesperados fazendo uma “pré-mineiração” das moedas para si mesmos ou para as fundações que eles controlam.

Fraturado

A pergunta para a comunidade da moeda criptografada -- que inclui um grande número de bancos e gerentes de fundos de Wall Street -- é quão fraturado o bitcoin ficará. A popularidade do bitcoin cash e os boatos sobre mais ramificações alimentaram grandes oscilações de preços nas últimas duas semanas, e os traders tiveram dificuldades para avaliar qual moeda criptografada se imporia.

O bitcoin, que bateu um recorde em 8 de novembro, chegou a cair 29 por cento após atingir esse pico, mas nesta semana ele recuperou a maior parte do que havia perdido.

Apesar da turbulência, o bitcoin ainda lidera a classificação na liga das moedas criptografadas. Seu valor de mercado, de US$ 124 bilhões, é pelo menos quatro vezes maior do que o de qualquer um de seus concorrentes, entre os quais há centenas de “moedas alternativas” como o ethereum e o monero, segundo a Coinmarketcap.com.

Mas o status de líder do bitcoin está longe de estar garantido, devido aos conflitos entre seus muitos investidores.

“A comunidade está realmente dividida quanto ao rumo tecnológico e, como o bitcoin é uma rede tão descentralizada, não há na verdade nenhum método para chegar a um bom acordo”, disse Gavin Yeung, CEO da Cryptomover, uma empresa de investimento com sede em Hong Kong.

--Com a colaboração de Yuji Nakamura

Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.

Repórteres da matéria original: Justina Lee em Hong Kong, jlee1489@bloomberg.net, Camila Russo em N York, crusso15@bloomberg.net.

Para entrar em contato com os editores responsáveis: Richard Frost, rfrost4@bloomberg.net, Dave Liedtka, dliedtka@bloomberg.net, Michael Patterson

©2017 Bloomberg L.P.


Especiais InfoMoney

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Mastercard patenteia transferência de dinheiro com blockchain

Um monte de empresas está investindo em blockchain, a tecnologia por trás do Bitcoin que vai muito além das criptomoedas. Mas quem trabalha com meios tradicionais de pagamento também embarcou na ideia: a Mastercard entrou com um pedido de patente para uma solução de transferência de dinheiro totalmente baseada em blockchain.
Criptomoeda
patente da Mastercard foi publicada em 9 de novembro de 2017 e descreve um “método para processar uma transação eletrônica garantida”. A tecnologia permitiria armazenar o balanço e o número da conta em um perfil; receber uma solicitação de transação de uma rede de pagamentos; gerar um histórico das movimentações realizadas; entre outras possibilidades.
Como nota o TechCrunch, o resumo da patente não cita “blockchain”, mas o termo está presente no documento. Um dos processos afirma que “os dados de garantia de pagamento armazenados no terceiro elemento de dados incluso na mensagem de transação recebida inclui ao menos um identificador de rede de blockchain […]”, um jeito bem complicado de falar que a transação é salva de forma imutável.
Por fim, o termo “instantâneo” para se referir às transferências é interessante, já que um dos problemas do Bitcoin é a limitação na capacidade de transações por parte da rede: ela chega a apenas 7 transações por segundo, o que vem aumentando os custos de transferência e o tempo de processamento nos últimos anos. A rede da Visa, por exemplo, consegue processar 65 mil transações por segundo.

Fonte: tecnoblog.net

Entenda a polêmica que está balançando o mundo do Bitcoin

Após altas constantes na valorização em relação ao dólar, o Bitcoin voltou a sofrer com flutuações de preço desde que um "fork" do Bitcoin, chamado de SegWit2x, foi cancelado. Mas o que é um "fork", por que o SegWit2x exige isso e qual a relevância desses movimentos para o Bitcoin?

O ponto central da polêmica é a capacidade máxima do Bitcoin de processar transações, ou seja, transferências de moedas entre seus utilizadores. O Bitcoin hoje opera quase sempre em seu limite, o que atrasa e encarece o as transferências. Usuários, mineradores, investidores e empresas envolvidas na economia do Bitcoin não chegam a um consenso sobre como resolver esse problema -- e nem mesmo se o problema deve ser resolvido.




Proposta quer aumentar limite de transferências por segundo do Bitcoin. (Foto: Leszek Soltys/Freeimages.com)

O SegWit2x é (ou seria) a primeira etapa no aumento do tamanho do bloco do Bitcoin. Blocos do Bitcoin contêm todas as transações feitas com a criptomoeda. Um bloco é gerado, em média, a cada dez minutos. O tamanho máximo do bloco é de um Megabyte (1 MB), e é isso que impõe um limite ao número de transferências. 

Pela regra do SegWit2x, o tamanho do bloco seria duplicado e passaria a ser de 2 Megabytes (MB). É daí que vem o "2x". A parte do "SegWit" se refere ao Segregated Witness, outra mudança técnica ao Bitcoin para aumentar o número máximo de transações por bloco. O SegWit já está valendo, mas, em vez de expandir os blocos, o SegWit diminuiu o tamanho que cada transferência de Bitcoin ocupa, aumentando a eficiência.

A adoção do SegWit e a posterior duplicação do tamanho do bloco do Bitcoin ambas fazem parte do "Acordo de Nova York", um documento de maio deste ano. A duas medidas não têm nenhuma relação técnica entre si, apenas miram no mesmo problema e constam do mesmo acordo. É por isso que a duplicação do tamanho do bloco acabou com o nome pouco intuitivo de "SegWit2x".

Enquanto o SegWit foi adotado por uma mudança no software existente, a duplicação do tamanho do bloco seria efetivada na rede por meio de um "hard fork": uma "divisão" de toda a cadeia do Bitcoin. Ou seja, passaria a existir um "Novo Bitcoin" (chamado de BTC1) e um "Bitcoin Clássico". Com a adoção do novo Bitcoin pela maioria das partes interessadas, o "Bitcoin Clássico" não teria qualquer relevância e desapareceria, ficando somente o Novo Bitcoin, de maior capacidade. 

Como o Bitcoin não tem uma "autoridade central", há chances de que o Bitcoin atual continuaria existindo. Isso resultaria em incertezas nesse processo, incluindo a possibilidade de fraudes em que uma transação no "Bitcoin Clássico" poderia ser duplicada sem autorização das partes no "Novo Bitcoin" e vice-versa. Por outro lado, se essa proteção for criada, quem hoje tem Bitcoins poderia vender seus Bitcoins duas vezes (pelo processo "novo" e depois pelo "velho"), o que aumenta a especulação e as chances de a moeda atual não desaparecer. Pior ainda: a moeda nova é que poderia sumir ou desvalorizar, prejudicando a reputação do Bitcoin.

Há ainda quem seja contra a mudança no tamanho do bloco por questões financeiras e técnicas.

Leilão de transferências
O tamanho atual do bloco do Bitcoin, mesmo após a adoção do SegWit, não dá conta de toda a demanda de transações da rede. Isso significa que há uma fila de transferências. Quem quiser furar a fila precisa pagar uma taxa de "incentivo" para os mineradores incluírem sua transferência em detrimento de outras.

Com as recentes movimentações e flutuações do Bitcoin, a taxa média por transação ultrapassou os US$ 10 (cerca de R$ 33), mas valores por volta de US$ 4 (cerca de R$ 12) não são incomuns. Nessa realidade, transferências de Bitcoins começam a ficar mais caras (ou, no mínimo, terem custo comparável) a dos bancos tradicionais.

Como todas as transferências ocupam mais ou menos o mesmo espaço no bloco, transferências de valores pequenos ficam praticamente inviáveis.

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Quem ganha com isso?
A taxa paga nas transferências é incluída nos ganhos dos mineradores que resolvem o bloco. Dobrar a capacidade do Bitcoin no momento pode muito bem decretar o fim dessas taxas e, portanto, do faturamento obtido com elas.

Com mais de 250 mil transações por dia, US$ 4 por transação adicionam pelo menos US$ 1 milhão ao bolso dos mineradores todos os dias - uma quantia significativa. Mesmo assim, a maioria dos mineradores se diz favorável ao SegWit2x, já que um Bitcoin "limitado" pode não ter futuro.

Limitado, Bitcoin ficaria fora do comércio cotidiano
O limite de transferências representa um limite também para o crescimento do Bitcoin em termos práticos. Não é possível fazer compras diárias ou pagar um sanduíche com Bitcoin se o custo da transação supera o do produto ou serviço adquirido. 

Alguns defensores do Bitcoin argumentam a moeda é hoje uma "reserva de valor", ou seja, que o Bitcoin seria o "ouro" das criptomoedas: é precioso, é usado nas reservas de grandes valores, mas não é utilizado no comércio cotidiano. 

Nesse raciocínio, o Bitcoin não precisa mudar, e a utilidade prática das moedas digitais pode ficar para as "moedas alternativas", como Ethereum e Monero. Os atuais mineradores de Bitcoin não se envolvem com essas moedas por causa das diferenças nos requisitos de processamento: a maior parte do hardware que atualmente minera o Bitcoin é incompatível com essas moedas.

A diferença é que criptomoedas não são um metal precioso e não existe nenhuma razão técnica para que uma moeda não possa ser reserva de valor e ainda assim ser útil no cotidiano. Com o tempo, uma moeda mais popular, que seja de fato usada no mundo real, pode ganhar mais valor. Isso prejudicaria a posição do Bitcoin como reserva de valor, pois não haveria nada para segurar o valor do Bitcoin, que cresceu impulsionado pela promessa de que seria a "moeda do futuro".

Com o Bitcoin valendo menos, todo o investimento dos mineradores e poupadores sofreria. Mas não é possível ter certeza sobre o que vai ou não acontecer, e pode ser que o Bitcoin retenha seu valor mesmo sem mudar nada. É essa dúvida que está balançando o mercado.

Quem crê na possibilidade de queda do Bitcoin por falta de uso real é quem mais está interessado em aumentar o tamanho do bloco e teme um futuro estagnado. Quem não crê nisso, seja porque acredita na teoria do "Bitcoin como reserva de valor" ou porque tem medo dos riscos inerentes a qualquer mudança, quer que tudo fique como está.

Alternativas já existem
Quem até agora ganhou com tudo isso foi o Bitcoin Cash. Outro "fork" criado para resolver o problema do limite de capacidade, a moeda usa um bloco de 8 MB (um "SegWit8X", por assim dizer) e está operando bem abaixo da capacidade.

No dia 8 de novembro, o Bitcoin Cash valia cerca de US$ 600. Hoje, a moeda está cotada em US$ 1,3 mil (o Bitcoin caiu de US$ 7,3 mil para US$ 6,5 mil no mesmo período). Projetado desde o início para coexistir com o Bitcoin, o Bitcoin Cash não sofre com os problemas inerentes à existência de duas cadeias e cada vez mais se estabelece com um "Bitcoin pronto para o futuro".

Como o processo de mineração do Bitcoin Cash é igual ao do Bitcoin, alguns mineradores favoráveis ao SegWit2x já apoiam a rede do Bitcoin Cash quando as valorizações da moeda a tornam mais lucrativa para ser minerada que o Bitcoin tradicional. Se o Bitcoin Cash continuar subindo, mais mineradores podem pular para o barco da moeda -- o que complica ainda mais o futuro do Bitcoin, já que o envolvimento de mineradores é hoje o principal termômetro para medir o interesse em uma criptomoeda.

Fonte: http://g1.globo.com

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Entenda o que é bitcoin

Como funciona a moeda virtual criada em 2008
e que chegou a valer mais de R$ 20 mil em 2017




14/11/2017 - 11H19 - ATUALIZADA ÀS 14H13 - POR BARBARA BIGARELLI

(FOTO: SEAN GALLUP/GETTY IMAGES)

Esqueça por um momento tudo que você aprendeu sobre como uma moeda é emitida. Ao invés de falar em Banco Central, governos ou bancos, comece a se familiarizar com os "mineradores", o "blockchain", a "rede ponto a ponto". Apesar do entendimento complexo, o bitcoin tem ganhado fama, conquistado pessoas ao redor do mundo e atraído milhões de investidores. Criada em 2008, o bitcoin é a criptomoeda mais famosa da atualidade. A moeda não pode ser impressa ou "materializada", ela precisa ser descoberta. Milhares de computadores em volta do mundo “mineram” moedas, competindo uns com os outros para validar as operações e formar um bloco. Atualmente, cada bloco gera 12,5 bitcoins, que são divididos entre os computadores que estavam minerando naquele momento (a divisão é feita de acordo com a capacidade de processamento do computador que está minerando). A briga é grande porque a moeda é um bem escasso — só é possível existir 21 milhões. Em nove anos, já foram emitidos mais de 16 milhões. Mas, como a moeda funciona? De que forma é possível realizar pagamentos com ela? Como as transações ocorrem? E por que ao falar de bitcoin falamos de blockchain? Tiramos suas dúvidas abaixo. Confira:

O que é o bitcoin?

É uma moeda digital, que pode ser recebida e enviada pela internet. Sua emissão é realizada de forma descentralizada, ou seja, sem o controle de uma instituição financeira ou de bancos. É diferente, portanto, da circulação de cédulas de dinheiro que geralmente é fiscalizada pelo banco central do país.

Para que serve um bitcoin?

Pode ser utilizado para realizar pagamentos de bens e serviços ou para receber por eles. Há grandes empresas que já aceitam bitcoin (Dell, Expedia e Microsoft), além de lojas virtuais e estabelecimentos físicos pelo mundo. De forma geral, porém, ainda não é algo disseminado no mundo — no Brasil, são pouquíssimos os estabelecimentos que aceitam. "Acredito que esse uso ainda está engatinhando por conta da imensa valorização que a moeda teve nos últimos anos. Um bitcoin chegou a valer R$ 20 mil neste ano. Assim, os estabelecimentos acabam recebendo ainda muito pouco pagamentos com essa moeda", diz Rodrigo Batista, CEO do Mercado Bitcoin.

Como tem sido mais utilizado?

Na prática, o bitcoin tem sido mais utilizado para realizar transações financeiras diretas no mundo inteiro. Principalmente para a transferência de pequenas quantias de dinheiro entre países. Isso porque é uma moeda incipiente e com escassa regulamentação. Tem crescido também o número de pessoas que olham para a moeda com um investimento — devido à sua alta volatilidade de preço. "No começo, quem comprava a moeda era um público mais jovem, ligado a tecnologia. Hoje, já atingimos um público mais velho, de até 50 anos, com maior poder aquisitivo e conhecimento em finanças. Eles veem o bitcoin como um modo de diversificar o portfólio. Compram para vender daqui a alguns anos. Há também, claro, quem faz trade e compra e vende todos os dias", diz Guto Schiavon, COO da corretora de bitcoins Foxbit.

Como é calculado o preço do bitcoin?

Não é controlado, não está ligado a um possível custo de emissão. O preço é reflexo da oferta e demanda. Quando há grande demanda de compra, a tendência é o preço subir, quando há grande oferta de venda, a tendência é cair. Diversos fatores podem influenciar sua volatilidade, como intervenções do governo na circulação da moeda. "Quando o presidente do JP Morgan disse que o bitcoin era o fraude, o preço caiu muito. Quando um governo fala que vai proibir a moeda, o preço também cai. Agora, quando um governo diz que vai proibir saída de dinheiro do país para o exterior, o bitcoin tende a subir porque as pessoas veem nele uma forma de continuar realizando suas transações", diz Schiavon.

Como o bitcoin funciona?

O bitcoin é a primeira aplicação prática da tecnologia blockchain (cadeia de blocos).

Como funciona o blockchain?

Essa tecnologia funciona de uma forma semelhante ao torrent, utilizado para compartilhar arquivos (como filmes e músicas) pela internet. Não há uma rede central que controla as transferências. A rede é mantida por diversos e aleatórios computadores espalhados pelo mundo com softwares que vão processando as informações inseridas nela. São eles que mantêm a rede funcionando — assim como no torrent, não há um servidor único que recebe os dados. Todo computador ligado ao mesmo tempo é um ponto de envio de um arquivo, como também é um ponto para recebimento de um arquivo. Cada um é um "nó" da chamada rede peer-to-peer (ponto a ponto) e pode receber e enviar transações.

Quando você realiza um pagamento em bitcoin, seu software (ou da corretora/site) se conecta a outros computadores espalhados pelo mundo, sinalizando que você está enviando determinado montante ao destinatário que te vendeu um produto. O "comprovante" dessa transação chegará a outro computador (nó) da rede e será replicado para outros computadores. O processo irá ocorrer até que seja formado um "bloco" criptografado, que tem as informações da sua transação e de todas as outras que foram feitas naquele período de tempo. Atualmente, um bloco é formado aproximadamente a cada 10 minutos. Os blocos serão transmitidos de novo para outros computadores até que a transação seja, enfim, confirmada. Cada item guardado nesses blocos tem uma espécie de assinatura digital, formada por uma sequência de números e letras. Juntos, os blocos formam um grande banco de dados públicos, remotos e invioláveis. É por isso que nenhuma transação pode ser "cancelada". Neste imenso banco, estão registrados todas as transações realizadas por bitcoins desde seu início, no final de 2008.

Como funciona na prática a blockchain do bitcoin? 

Na "superfície", enviar e receber bitcoins é parecido com o processo de envio e recebimento de emails. As pessoas compram bitcoins através de sites ou corretoras especializadas (no Brasil, as três maiores são: FoxBit, Mercado BitCoin e Bitcointoyou). Lá, os clientes criam suas carteiras digitais, que geram uma chave privada que irá garantir que aquele bitcoin pertence a você. A cada transação, é preciso gerar um endereço. Como no email, você precisa saber o endereço de quem quer enviar um bitcoin ou fornecer o seu se quiser receber bitcoin. Digita-se o valor de bitcoins ou a fração dele para envio e o endereço. Uma vez iniciada a transação, ela será enviada a todos os computadores ligados à rede blockchain do bitcoin. Os participantes da rede verificam a autenticidade da transação, bem como se os bitcoins envolvidos nela realmente existem. Lembre-se que cada "moeda" bitcoin tem sua própria assinatura digital. Uma vez checada, a transação é reunida a todas as demais realizadas no mesmo intervalo de tempo que a dela e, posteriormente, é criptografada (colocada em blocos). Esse trabalho é feito por membros da rede conhecidos como "mineradores". Uma vez pronto, o novo bloco é datado e enviado para toda a rede, que checa condições de segurança e o inclui na cadeia de blocos original. Com a operação validada, a pessoa que você enviou o pagamento receberá os bitcoins. 
Infográfico Bitcoin (Foto: Mercado Bitcoin)
O que são os "mineradores"? 
São pessoas ou empresas que dispõem de computadores com softwares ou um chip especial que podem confirmar a autenticidade das milhares de transações que ocorrem a cada dez minutos com bitcoins. Checam os endereços, se um bitcoin foi enviado duas vezes, se a transação fez o caminho correto, se nada foi duplicado. Ao validar a transação — algo que geralmente ocorre em "blocos", o software do minerador envia um sinal na rede de que aquela transação realmente está correta. O bloco validado é criptografado e inserido no blockchain. Em troca, são "emitidos" bitcoins para o minerador. "Poderíamos chamar os mineradores de auditores. O papel deles é verificar que as transações que serão incluídas no blockchain estão corretas", diz Schiavon, COO da corretora de bitcoins Foxbit. Em troca pelo trabalho, os mineradores recebem bitcoins. 
É possível ficar rico mineirando bitcoin? 
Pessoas físicas geralmente não conseguem mais ganhar tanto dinheiro tendo apenas um notebook para minerar. Isso porque o número de bitcoins que um minerador recebe está diretamente ligado à capacidade de processar as transações. Hoje, como há muitos computadores (e máquinas muito potentes) minerando bitcoins, quem usa apenas um notebook acaba recebendo uma fração muito pequena da criptomoeda — os especialistas dizem que não é suficiente nem para pagar a energia usada para manter o computador ligado"Na prática, quem minera hoje são empresas especializadas que produzem supercomputadores interligados em grande número. Para que essa estrutura seja viável em termos financeiros, é preciso ter acesso a energia barata e prioritariamente estar localizado em um local frio, já que é preciso resfriar constantemente os computadores", diz Batista. O que privilegia a existência de grandes centros de mineradores no Canadá, Alaska, Islândia e Norte da Europa.
O bitcoin é um bem escasso
Vale lembrar que o bitcoin é um bem escasso e que quando foi criado previa a emissão de 21 milhões de unidades. Já foram gerados, devido ao trabalho de mineração, mais de 16 milhões de bitcoins. À medida que a rede vai ficando maior e as transações mais complexas de serem completamente validadas, emitir também fica mais difícil. Segundo Batista, nos primeiros quatro anos de existência da moeda, foram emitidos 7,2 mil bitcoins por dia. Atualmente, são emitidos 1,8 mil bitcoins por dia. O sistema prevê que o número diminua pela metade a cada quatro anos. A previsão é que todos os 21 milhões de bitcoins sejam emitidos até 2033. Quando esse momento chegar, não será mais possível receber bitcoins como recompensa por minerar. A ideia por trás disso é criar uma moeda que não seja inflacionária (que perca o seu valor ao longo do tempo) por natureza — como são as moedas tradicionais. 
A diferença de pagar online com cartão de crédito e com bitcoin 
O pagamento por cartão de crédito exige autenticações a que o bitcoin não está sujeito — como a validação de um banco ou de uma processadora de cartão de crédito. Por este motivo, um comerciante geralmente leva mais de um mês para receber um pagamento realizado por clientes através de um cartão de crédito. O procedimento também inclui o pagamento de taxas por parte dos clientes. Com o bitcoin, por não existirem esses intermediários, um pagamento pode ser processado em poucos dias a custos muito mais baixos para ambos os lados. O lado negativo é que, uma vez realizado, o pagamento não pode ser "estornado". A tecnologia que envolve a moeda (blockchain) não permite que a transação seja desfeita. 
Fonte: http://epocanegocios.globo.com