domingo, 19 de novembro de 2017

2027: 5 razões por que todas as empresas vão usar o blockchain no futuro

Contratos inteligentes, pagamentos diretos e menos hierarquia estão entre as maiores vantagens das moedas descentralizadas
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Faz quase uma década que Satoshi Nakamoto criou a Bitcoin e gerou uma disrupção silenciosa nas empresas que trabalham com confiança, como bancos. Por meio de um documento de oito páginas, ele demonstrou como o dinheiro pode ser descentralizado, embora na época poucas pessoas tenham se dado conta do potencial da inovação. Descubra os principais motivos pelos quais as empresas deverão adotar cada vez mais o blockchain no dia a dia.
1)    Contratos: com a tecnologia do blockchain, boa parte dos contratos podem ser convertidos em contratos inteligentes. Ao contrário dos tradicionais, os inteligentes consistem em um algoritmo em código que é colocado em prática pela rede blockchain. A beleza dessa modalidade é que os contratos inteligentes não podem ser modificados depois de assinados, o que garante que nenhuma das partes irá “desaparecer” sem cumprir o acordo. Uma vez firmados pela rede blockchain, que é inalterável, ninguém pode impedir que ele seja cumprido.
2)    Pagamentos: um dos benefícios do dinheiro descentralizado é que os pagamentos podem ser realizados diretamente entre as partes, sem qualquer intermediário, como bancos, provocando lentidão no processo. Tendo isso em mente, as remessas transfronteiriças, sem dúvida, serão outra área do seu negócio que adotará a cadeia de blocos.
3)    Recrutamento: os blockchains podem abrir caminho para verificações de referência mais rápidas, baratas e independentes de relações de confiança. Cada pessoa teria um rastro de comentários, que seria acumulado no curso de sua carreira, feitos por empregadores anteriores. Isso permitiria a novos empregadores revisar rapidamente estas evidências e decidir se a pessoa se encaixa no perfil da vaga de trabalho.
4)    Menos hierarquia, melhor governança: ao usar uma combinação de contratos inteligentes com blockchain, as comunidades podem ter uma governança sem hierarquia. É bem provável que os negócios em breve terão praticamente zero burocracia, e todas as grandes decisões que afetam a organização como um todo poderão ser tomadas por meio de um processo de votação transparente realizado por meio do blockchain.
Fonte: minerworld.com.br

sábado, 18 de novembro de 2017

Cobertura em Miami Sendo Vendida a US$ 3.5 Milhões em Bitcoin


Eric Fernandez, proprietário da Imobiliária Sol/Mar, recentemente listou uma cobertura de US$ 3,5 milhões no Blue Diamond em Miami Beach, Flórida, dizendo que os proprietários aceitam o pagamento em bitcoin ou Ethereum, de acordo com o Miami New Times.
Fernández acredita que é apenas uma questão de tempo antes que a aceitação de bitcoin para aquisições de imóveis ganhe popularidade.
Fernandez não é o único agente imobiliário que espera que mais casas sejam compradas com a moeda digital. Bitcoin está alcançando compradores internacionais. Alguns acreditam que Miami irá liderar essa tendência.

Porque Miami irá liderar

O corretor de imóveis Stephan Burke, que listou uma mansão para venda em agosto, dizendo que o vendedor aceitaria bitcoin, observou em uma recente opinião no Miami Herald que Miami é um mercado ideal para o bitcoin, pois atrai investidores da América do Sul, Canadá , Ásia e Rússia.
Em agosto, Mike Komaransky colocou uma casa de sete quartos em Miami por US$ 6,5 milhões, aceitando o pagamento em bitcoin. Mas, porque poucas casas foram compradas usando bitcoin, os corretores de imóveis não têm nenhuma orientação sobre como essas operações funcionarão.

Bitcoin apresenta desafios

Fernandez disse que aceitar o pagamento em bitcoin para imóveis é um desafio. O dinheiro é mantido em custódia no setor imobiliário tradicional. Mas um comprador não pode ir ao Bank of America ou Wells Fargo e depositar bitcoin.
A volatilidade do Bitcoin também apresenta um desafio para as transações imobiliárias. Um indivíduo fez mais de US$ 1,3 milhão usando bitcoin em uma compra de imóveis no Texas devido a mudanças de valor. Fernández, no entanto, acredita que os vendedores farão transações de imóveis reais como uma forma de apostar no futuro do bitcoin e Ethereum.
Esses indivíduos são investidores em busca de mercados emergentes, disse Fernández, e eles acreditam que o uso da criptomoeda crescerá.
Fonte: portaldobitcoin.com

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Comunicado 31.379 sobre “Moedas virtuais”: do que o Banco Central tem medo?

Ontem, pela segunda vez, o Banco Central se manifestou sobre o que chama, incongruentemente, de “moedas virtuais”, por meio do Comunicado 31.379. Em fevereiro de 2014 a instituição abordou pela primeira vez o assunto, no Comunicado 25.306, declarando que as “moedas virtuais”, ou “criptografadas”, não são consideradas moedas e não se confundem com as moedas eletrônicas, definidas na Lei 12.685/2013.
Foram feitos os devidos alertas de que se trata de uma “moeda” não emitida por qualquer autoridade governamental, sem garantia de conversão e cujo valor depende da credibilidade dos usuários no sistema como um todo. Também é mencionada a grande oscilação no valor, ainda que o motivo dado para tanto não seja o mais correto.
Além disso, foi mencionado que as criptomoedas costumam ser utilizadas para a prática de ilícitos e que qualquer utilização é feita por conta e risco dos usuários. Por fim, o Bacen mencionou que o uso da “moeda virtual” não representaria um risco ao Sistema Financeiro naquele momento e que acompanharia o assunto para intervenção, se fosse necessário.
O primeiro Comunicado do Banco Central padece de algumas inconsistências técnicas, como, por exemplo, afirmar que não é moeda, mas insistir em chamar de “moeda virtual”. Estudando com mais profundidade o tema, conclui-se que, na verdade, se trata de um criptoativo, ou seja, um ativo digital baseado em criptografia, que pode ter diferentes utilizações, inclusive transferência e reserva de valor, quando assume algumas características de moeda.
No entanto, no primeiro Comunicado o Banco Central foi mais feliz do que no segundo, pois apenas cumpriu sua função de informar à sociedade sobre o assunto, mas não tentou regular prematura e equivocadamente o tema, o que poderia ter prejudicado o desenvolvimento de uma tecnologia tão promissora. A propósito, apenas países pouco democráticos como a Bolívia, Venezuela, Bangladesh optaram por proibir os criptoativos.
Contudo, no Comunicado 31.379, de 16 de novembro de 2016, o Banco Central começou a dar indícios de qual poderá ser seu posicionamento sobre a tecnologia, e não foi um bom sinal. Houve mais equívocos nesse dispositivo do que no primeiro e nota-se uma evidente intenção de desacreditar as “moedas virtuais”. Destaca que, se utilizadas em atividades ilícitas, pode expor seus detentores a investigações, como se isso não acontecesse com a utilização de qualquer outro meio.
Afirma que as empresas que negociam esses ativos em nome dos usuários não são autorizadas pelo Banco Central, em uma forma de linguagem tendenciosa, que faz parecer que todos os tipos de empresa no Brasil precisam ser regulados pelo órgão para operarem e o fato de não o ser, seja um demérito. Ora, mas se não é moeda, porque as empresas que operam precisariam ser reguladas pelo Bacen?
Essa afirmação e a forma como foi inserida no Comunicado desconsidera que, apesar de não reguladas pelo Bacen, as empresas que operam com criptoativos estão sujeitas à outras regulamentações, como o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor, e, ao contrário do que faz parecer com a redação do Comunicado, não são “terra de ninguém” e território aberto para a prática de qualquer tipo de irregularidades. Em geral, há empresas que atuam, inclusive, sob políticas internacionais de KYC (“Know your Customer”), como comunicar às autoridades transações acima de determinado valor, não aceitar depósitos em espécie e até solicitar declaração de Imposto de Renda em transações consideradas suspeitas.
Mas o maior problema do Comunicado 31.379 é a proibição de utilização dos criptoativos para operações que representem transferências internacionais de valores, mencionando que essas são de realização exclusiva das instituições autorizadas pelo Banco Central. Não houve sequer a intenção de tentar adequar as “moedas virtuais” aos procedimentos já existentes para as instituições autorizadas, gerando uma paridade de tratamento. Com essa proibição, se um usuário quiser efetuar o pagamento de um congresso no Exterior, por exemplo, em Bitcoin, isso está proibido pelo Comunicado.
Nesse sentido, a proibição em questão sinaliza uma posição refratária a qualquer nova tecnologia que possa abalar o monopólio dos bancos, que praticamente dominam esse mercado, e a forma atual de se fazer pagamentos ao exterior. No entanto, o sistema cambiário foi criado numa época onde só existia essa possibilidade e o fato é que a evolução dos tempos e da tecnologia está apresentando outras possibilidades.
E mesmo em termos de tributação, é preciso ser coerente no discurso e interpretação, se “moeda virtual” não é moeda, as transações com ela não são financeiras, então porque o pagamento de um congresso em Bitcoin, por exemplo, deveria que ser tributado pelo IOF?
É claro que isso não significa que outras operações com criptoativos não sejam tributáveis, pois certamente o são, justamente por isso seria necessário adaptar o sistema para a nova tecnologia, viabilizando sua utilização e prevendo as hipóteses de incidência tributária, o que aumentaria a arrecadação, inclusive, e não simplesmente proibindo-a. A verdade é que a nova tecnologia causa medo ao regulador, e isso não é privilégio do regulador brasileiro, à exemplo do que ocorreu no processo de regulação do Estado de Nova York.
Mas do que efetivamente o regulador tem medo?
A tecnologia dos criptoativos envolve algo que mexe com a estrutura de poder e controle que os reguladores estão acostumados há séculos, uma palavra perigosa, mas que pode mudar tudo: descentralização. Mas não será a descentralização um caminho inafastável, quando toda a humanidade se der conta que uma sociedade é mais livre e justa quanto maior for o cidadão e menor o Estado? Vale a pena refletir.
© 2017 Emília Malgueiro Campos é advogada especialista em propriedade intelectual e direito digital, sócia do Malgueiro Campos Advocacia.
Fonte: portaldobitcoin.com

Shopping do Recife passa a aceitar bitcoin como forma de pagamento

Com informações de Thatiana Pimentel/Diario de Pernambuco
Até o ano que vem, o Paço Alfândega passará a aceitar, em todas as suas operações, o bitcoin – a moeda virtual que promete eliminar intermediações bancárias. Uma unidade da moeda, no câmbio atual, está valendo mais de R$7 mil. O Paço quer se tornar o primeiro centro de compras do Brasil a trabalhar com o bitcoin em todas as lojas. O primeiro estabelecimento a aceitar a forma de pagamento foi a La Douane. Além disso, o shopping vai receber a CoinWise, a primeira empresa especializada na moeda virtual no Nordeste.
Bitcoin - Crédito: Reprodução
O Paço também já disponibilizou uma máquina, na própria La Douane, onde é possível comprar e trocar bitcoins. Outras máquinas estão sendo colocadas no mall, e a ideia é que o Recife se torne a capital nacional do bitcoin. A moeda ainda pode ser usada como forma de investimento e é considerada quase impossível de ser fraudada. Nos últimos dois anos, o bitcoin teve uma valorização de quase 200%.

Bitcoin enfrenta proliferação de rivais em luta por mercado

Além do bitcoin cash, existe o bitcoin diamond, o bitcoin silver, o bitcoin unlimited e o superbitcoin -- a proposta mais recente


Está ficando cada vez mais difícil acompanhar todas as versões do bitcoin.

Novas versões da moeda criptografada estão se multiplicando porque persistem os desacordos sobre o design do bitcoin e é difícil ignorar as oportunidades de ganhar dinheiro rapidamente.


A principal derivação, chamada bitcoin cash, apareceu em agosto depois do chamado hard fork no blockchain do bitcoin. Essa ramificação, cotada atualmente a US$ 18 bilhões, foi seguida de outra, que criou o bitcoin gold em outubro, e que não teve tanto sucesso, e agora várias cisões adicionais estão sendo planejadas.

Existe o bitcoin diamond, o bitcoin silver, o bitcoin unlimited e o superbitcoin -- a proposta mais recente. O site que promove o superbitcoin diz que a ramificação é apoiada por Li Xiaolai, um empreendedor chinês de moedas criptografadas. A moeda promete “tornar o bitcoin importante novamente” com medidas como, entre outras, aumentar o tamanho dos blocos nos quais as transações são processadas -- medida que diminuiria os tempos de confirmação e as taxas.

A proliferação de projetos de fragmentação do bitcoin é em parte resultado do design descentralizado da moeda criptografada. O software que sustenta o bitcoin é de código aberto, ou seja, qualquer um pode copiá-lo e ajustá-lo para criar uma nova versão da moeda se tiver problemas com a original. Existe também um motivo relacionado aos lucros: se as ramificações tiverem sucesso, os criadores podem obter lucros inesperados fazendo uma “pré-mineiração” das moedas para si mesmos ou para as fundações que eles controlam.

Fraturado

A pergunta para a comunidade da moeda criptografada -- que inclui um grande número de bancos e gerentes de fundos de Wall Street -- é quão fraturado o bitcoin ficará. A popularidade do bitcoin cash e os boatos sobre mais ramificações alimentaram grandes oscilações de preços nas últimas duas semanas, e os traders tiveram dificuldades para avaliar qual moeda criptografada se imporia.

O bitcoin, que bateu um recorde em 8 de novembro, chegou a cair 29 por cento após atingir esse pico, mas nesta semana ele recuperou a maior parte do que havia perdido.

Apesar da turbulência, o bitcoin ainda lidera a classificação na liga das moedas criptografadas. Seu valor de mercado, de US$ 124 bilhões, é pelo menos quatro vezes maior do que o de qualquer um de seus concorrentes, entre os quais há centenas de “moedas alternativas” como o ethereum e o monero, segundo a Coinmarketcap.com.

Mas o status de líder do bitcoin está longe de estar garantido, devido aos conflitos entre seus muitos investidores.

“A comunidade está realmente dividida quanto ao rumo tecnológico e, como o bitcoin é uma rede tão descentralizada, não há na verdade nenhum método para chegar a um bom acordo”, disse Gavin Yeung, CEO da Cryptomover, uma empresa de investimento com sede em Hong Kong.

--Com a colaboração de Yuji Nakamura

Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.

Repórteres da matéria original: Justina Lee em Hong Kong, jlee1489@bloomberg.net, Camila Russo em N York, crusso15@bloomberg.net.

Para entrar em contato com os editores responsáveis: Richard Frost, rfrost4@bloomberg.net, Dave Liedtka, dliedtka@bloomberg.net, Michael Patterson

©2017 Bloomberg L.P.


Especiais InfoMoney

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Mastercard patenteia transferência de dinheiro com blockchain

Um monte de empresas está investindo em blockchain, a tecnologia por trás do Bitcoin que vai muito além das criptomoedas. Mas quem trabalha com meios tradicionais de pagamento também embarcou na ideia: a Mastercard entrou com um pedido de patente para uma solução de transferência de dinheiro totalmente baseada em blockchain.
Criptomoeda
patente da Mastercard foi publicada em 9 de novembro de 2017 e descreve um “método para processar uma transação eletrônica garantida”. A tecnologia permitiria armazenar o balanço e o número da conta em um perfil; receber uma solicitação de transação de uma rede de pagamentos; gerar um histórico das movimentações realizadas; entre outras possibilidades.
Como nota o TechCrunch, o resumo da patente não cita “blockchain”, mas o termo está presente no documento. Um dos processos afirma que “os dados de garantia de pagamento armazenados no terceiro elemento de dados incluso na mensagem de transação recebida inclui ao menos um identificador de rede de blockchain […]”, um jeito bem complicado de falar que a transação é salva de forma imutável.
Por fim, o termo “instantâneo” para se referir às transferências é interessante, já que um dos problemas do Bitcoin é a limitação na capacidade de transações por parte da rede: ela chega a apenas 7 transações por segundo, o que vem aumentando os custos de transferência e o tempo de processamento nos últimos anos. A rede da Visa, por exemplo, consegue processar 65 mil transações por segundo.

Fonte: tecnoblog.net

Entenda a polêmica que está balançando o mundo do Bitcoin

Após altas constantes na valorização em relação ao dólar, o Bitcoin voltou a sofrer com flutuações de preço desde que um "fork" do Bitcoin, chamado de SegWit2x, foi cancelado. Mas o que é um "fork", por que o SegWit2x exige isso e qual a relevância desses movimentos para o Bitcoin?

O ponto central da polêmica é a capacidade máxima do Bitcoin de processar transações, ou seja, transferências de moedas entre seus utilizadores. O Bitcoin hoje opera quase sempre em seu limite, o que atrasa e encarece o as transferências. Usuários, mineradores, investidores e empresas envolvidas na economia do Bitcoin não chegam a um consenso sobre como resolver esse problema -- e nem mesmo se o problema deve ser resolvido.




Proposta quer aumentar limite de transferências por segundo do Bitcoin. (Foto: Leszek Soltys/Freeimages.com)

O SegWit2x é (ou seria) a primeira etapa no aumento do tamanho do bloco do Bitcoin. Blocos do Bitcoin contêm todas as transações feitas com a criptomoeda. Um bloco é gerado, em média, a cada dez minutos. O tamanho máximo do bloco é de um Megabyte (1 MB), e é isso que impõe um limite ao número de transferências. 

Pela regra do SegWit2x, o tamanho do bloco seria duplicado e passaria a ser de 2 Megabytes (MB). É daí que vem o "2x". A parte do "SegWit" se refere ao Segregated Witness, outra mudança técnica ao Bitcoin para aumentar o número máximo de transações por bloco. O SegWit já está valendo, mas, em vez de expandir os blocos, o SegWit diminuiu o tamanho que cada transferência de Bitcoin ocupa, aumentando a eficiência.

A adoção do SegWit e a posterior duplicação do tamanho do bloco do Bitcoin ambas fazem parte do "Acordo de Nova York", um documento de maio deste ano. A duas medidas não têm nenhuma relação técnica entre si, apenas miram no mesmo problema e constam do mesmo acordo. É por isso que a duplicação do tamanho do bloco acabou com o nome pouco intuitivo de "SegWit2x".

Enquanto o SegWit foi adotado por uma mudança no software existente, a duplicação do tamanho do bloco seria efetivada na rede por meio de um "hard fork": uma "divisão" de toda a cadeia do Bitcoin. Ou seja, passaria a existir um "Novo Bitcoin" (chamado de BTC1) e um "Bitcoin Clássico". Com a adoção do novo Bitcoin pela maioria das partes interessadas, o "Bitcoin Clássico" não teria qualquer relevância e desapareceria, ficando somente o Novo Bitcoin, de maior capacidade. 

Como o Bitcoin não tem uma "autoridade central", há chances de que o Bitcoin atual continuaria existindo. Isso resultaria em incertezas nesse processo, incluindo a possibilidade de fraudes em que uma transação no "Bitcoin Clássico" poderia ser duplicada sem autorização das partes no "Novo Bitcoin" e vice-versa. Por outro lado, se essa proteção for criada, quem hoje tem Bitcoins poderia vender seus Bitcoins duas vezes (pelo processo "novo" e depois pelo "velho"), o que aumenta a especulação e as chances de a moeda atual não desaparecer. Pior ainda: a moeda nova é que poderia sumir ou desvalorizar, prejudicando a reputação do Bitcoin.

Há ainda quem seja contra a mudança no tamanho do bloco por questões financeiras e técnicas.

Leilão de transferências
O tamanho atual do bloco do Bitcoin, mesmo após a adoção do SegWit, não dá conta de toda a demanda de transações da rede. Isso significa que há uma fila de transferências. Quem quiser furar a fila precisa pagar uma taxa de "incentivo" para os mineradores incluírem sua transferência em detrimento de outras.

Com as recentes movimentações e flutuações do Bitcoin, a taxa média por transação ultrapassou os US$ 10 (cerca de R$ 33), mas valores por volta de US$ 4 (cerca de R$ 12) não são incomuns. Nessa realidade, transferências de Bitcoins começam a ficar mais caras (ou, no mínimo, terem custo comparável) a dos bancos tradicionais.

Como todas as transferências ocupam mais ou menos o mesmo espaço no bloco, transferências de valores pequenos ficam praticamente inviáveis.

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Quem ganha com isso?
A taxa paga nas transferências é incluída nos ganhos dos mineradores que resolvem o bloco. Dobrar a capacidade do Bitcoin no momento pode muito bem decretar o fim dessas taxas e, portanto, do faturamento obtido com elas.

Com mais de 250 mil transações por dia, US$ 4 por transação adicionam pelo menos US$ 1 milhão ao bolso dos mineradores todos os dias - uma quantia significativa. Mesmo assim, a maioria dos mineradores se diz favorável ao SegWit2x, já que um Bitcoin "limitado" pode não ter futuro.

Limitado, Bitcoin ficaria fora do comércio cotidiano
O limite de transferências representa um limite também para o crescimento do Bitcoin em termos práticos. Não é possível fazer compras diárias ou pagar um sanduíche com Bitcoin se o custo da transação supera o do produto ou serviço adquirido. 

Alguns defensores do Bitcoin argumentam a moeda é hoje uma "reserva de valor", ou seja, que o Bitcoin seria o "ouro" das criptomoedas: é precioso, é usado nas reservas de grandes valores, mas não é utilizado no comércio cotidiano. 

Nesse raciocínio, o Bitcoin não precisa mudar, e a utilidade prática das moedas digitais pode ficar para as "moedas alternativas", como Ethereum e Monero. Os atuais mineradores de Bitcoin não se envolvem com essas moedas por causa das diferenças nos requisitos de processamento: a maior parte do hardware que atualmente minera o Bitcoin é incompatível com essas moedas.

A diferença é que criptomoedas não são um metal precioso e não existe nenhuma razão técnica para que uma moeda não possa ser reserva de valor e ainda assim ser útil no cotidiano. Com o tempo, uma moeda mais popular, que seja de fato usada no mundo real, pode ganhar mais valor. Isso prejudicaria a posição do Bitcoin como reserva de valor, pois não haveria nada para segurar o valor do Bitcoin, que cresceu impulsionado pela promessa de que seria a "moeda do futuro".

Com o Bitcoin valendo menos, todo o investimento dos mineradores e poupadores sofreria. Mas não é possível ter certeza sobre o que vai ou não acontecer, e pode ser que o Bitcoin retenha seu valor mesmo sem mudar nada. É essa dúvida que está balançando o mercado.

Quem crê na possibilidade de queda do Bitcoin por falta de uso real é quem mais está interessado em aumentar o tamanho do bloco e teme um futuro estagnado. Quem não crê nisso, seja porque acredita na teoria do "Bitcoin como reserva de valor" ou porque tem medo dos riscos inerentes a qualquer mudança, quer que tudo fique como está.

Alternativas já existem
Quem até agora ganhou com tudo isso foi o Bitcoin Cash. Outro "fork" criado para resolver o problema do limite de capacidade, a moeda usa um bloco de 8 MB (um "SegWit8X", por assim dizer) e está operando bem abaixo da capacidade.

No dia 8 de novembro, o Bitcoin Cash valia cerca de US$ 600. Hoje, a moeda está cotada em US$ 1,3 mil (o Bitcoin caiu de US$ 7,3 mil para US$ 6,5 mil no mesmo período). Projetado desde o início para coexistir com o Bitcoin, o Bitcoin Cash não sofre com os problemas inerentes à existência de duas cadeias e cada vez mais se estabelece com um "Bitcoin pronto para o futuro".

Como o processo de mineração do Bitcoin Cash é igual ao do Bitcoin, alguns mineradores favoráveis ao SegWit2x já apoiam a rede do Bitcoin Cash quando as valorizações da moeda a tornam mais lucrativa para ser minerada que o Bitcoin tradicional. Se o Bitcoin Cash continuar subindo, mais mineradores podem pular para o barco da moeda -- o que complica ainda mais o futuro do Bitcoin, já que o envolvimento de mineradores é hoje o principal termômetro para medir o interesse em uma criptomoeda.

Fonte: http://g1.globo.com