terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Bitcoin estreia em mais uma bolsa e mostra amadurecimento

Especialistas esperam maior liquidez e menos volatilidade no preço da moeda digital

A moeda virtual bitcoin ganhou valorização no mercado ; criptomoedas ;  (Foto: Benoit Tessier/Reuters)

O bitcoin deu mais um grande passo nessa segunda-feira (18/12) ao estrear na maior bolsa de futuros do mundo, a CME, em Chicago. Para analistas, o movimento significa um amadurecimento do mercado das moedas digitais. Na semana passada, a CBOE já havia iniciado negociações semelhantes.


Diferente do que aconteceu na estreia da CBOE, na CME o contrato futuro apresentou uma desvalorização, fechando o dia a US$ 19.060, uma queda de 2,26% na comparação com os US$ 20.650 da abertura. Além disso, os preços na bolsa de futuros se mantiveram levemente acima do mercado à vista (nas exchanges), enquanto no primeiro dia de negociação na CBOE houve um descolamento de 13%.
De certa forma, é um reconhecimento do potencial de valor das moedas virtuais, afirmam os especialistas. “Tanto a CME quanto a CBOE são empresas centenárias, tradicionais e reguladas pela SEC (equivalente à CVM nos Estados Unidos) e pela Commodity Futures Trading Commission (CFTC). Esse é um marco importante, é como um selo de legitimidade com relação aos ativos digitais”, afirma Fernando Ulrich, Especialista em Blockchain e Criptomoedas do Grupo XP.
André Miceli, professor e coordenador do MBA em Marketing Digital da FGV, concorda que a negociação nas bolsas de futuro são uma “chancela” e dão a credibilidade necessária para mercado levar o assunto mais a sério. “No curtíssimo prazo, isso dá a sensação de segurança aos investidores, deixa de lado aquela ideia do amadorismo, de que tem uma galera vendendo e comprando alguma coisa na internet e que ninguém sabe muito bem o que é”, explica.
Mas a negociação de contratos futuros da criptomoeda não dá apenas a sensação de legitimidade. O fato pode também atrair mais investidores qualificados e investidores institucionais - muitos dos quais não podem ter posições em bitcoin por questões regulatórias, mas podem comprar contratos futuros. E isso, afirmam os especialistas, pode trazer maturidade ao mercado.
Fernando Ulrich explica que a possibilidade de compra de contratos futuros permite a entrada de investidores profissionais e qualificados porque cria ferramentas de hedge – proteção contra a volatilidade do mercado – que eram muito incipientes nas exchanges de bitcoin (sites em que é possível comprar e vender a moeda).
O maior número de investidores – e de profissionais – poderá aumentar a liquidez no mercado do bitcoin. Além disso, deve diminuir a volatilidade do preço do ativo.  “Provavelmente vão entrar investidores profissionais que vão acabar impedindo esses movimentos, o mercado deve começar a chegar em um momento em que não é mais possível ser o 'eletrocardiograma' que é hoje. Acho que não vamos ver mais uma variação intraday de 20% a 30% todos os dias”, diz Miceli. Segundo ele, essas mudanças devem acontecer lentamente, em no mínimo um ano. “Isso não quer dizer que o preço do bitcoin hoje não seja uma bolha”, alerta.
Isso significa, inclusive, que provavelmente haverá menos espaço para investidores que lucram na compra e venda da moeda diariamente – que atualmente conseguem ganhos expressivos com as flutuações diárias de preço.
A abertura do mercado de futuros de criptomoedas abre espaço também para a regulamentação de ETFs de bitcoin, diz Ulrich, da XP. Segundo ele, há mais de uma iniciativa esperando aprovação da Sec, nos Estados Unidos. “O ETF é um ativo negociado na New York Stock Exchange (NYSE) ou na Nasdaq, que teria o bitcoin como lastro. Hoje há ETFs de ouro, com emissores responsáveis por assegurar que há lastro no ativo. Isso permitiria a entrada de mais investidores e uma maior liquidez”.
No futuro, Ulrich acredita inclusive que o bitcoin pode se tornar um ativo de proteção. “Principalmente entre os millennials têm crescido essa percepção do bitcoin como um ativo de proteção, que oferece um hedge contra as oscilações da política, a inflação e podem blindar o investidor contra crises financeiras e bancárias – já que é um ativo que não pode ser confiscado e não há restrição para levá-lo de um país a outro”, defende. “O papel que o ouro teve nos últimos 40 anos começa lentamente a migrar para o bitcoin”.
Como funciona o mercado de contratos futuros?
Quem compra um contrato futuro, explica André Miceli, da FGV, está comprando o direito de fazer uma operação de compra no futuro. “Eu pago US$ 1.000 pelo direito de comprar um bitcoin seu por US$ 15.000 daqui a um ano”, exemplifica. Até o vencimento, quem tem esse “direito” pode vende-lo para outros investidores. “Quanto mais perto da data de vencimento, menos volatilidade e mais o preço se aproxima do preço real do ativo”, explica.
Fonte: http://epocanegocios.globo.com

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Bitcoin estreia no mercado futuro da Bolsa de Chicago a mais de US$20 mil



Mercado é um dos mais importantes para este tipo de negociação no mundo

CHICAGO - Uma semana depois da primeira negociação no mercado futuro dos Estados Unidos, o bitcoin agora estreia numa das maiores bolsas de futuros e opções do mundo: Chicago Mercantile Exchange (do grupo CME). O contrato futuro da moeda digital para janeiro teve preço inicial de US$ 20.650, mas nesta segunda-feira já era negociado a US$ 18.817 (por volta de 7h30 no Brasil).

O bitcoin é uma moeda digital que não está sujeita a regulações de nenhum governo ou banco central. As transações são feitas digitalmente, sem nenhum banco intermediário. Como o dinheiro em espécie, o bitcoin permite que os usuários gastem ou recebam os recursos de forma anônima, ou em grande parte anônima, através da internet. Milhares de computadores no mundo validam transações e adicionam novos bitcoins ao sistema. Existem outras moedas digitais, mas o bitcoin é a mais popular.
A popularidade da moeda digital disparou nos últimos meses, junto com seu valor, levantando preocupações sobre o risco de uma bolha. Como na Chicago Board Options Exchange (CBOE), onde a moeda passou a ser negociada na semana passada, a negociação não envolve os bitcoins, mas usam um índice de referência de preços de bitcoins. Cada contrato será para cinco bitcoins.

Fonte: globo.com

domingo, 17 de dezembro de 2017

Bitcoin: muito além da bolha

A criptomoeda foi criada para ser uma transação financeira sem entraves.


Juliana Munaro

Imagem da história para bitcoin de Globo.com
Bolha ou não bolha? Essa não vai ser nossa questão aqui. Bitcoin é muito mais que uma oportunidade de investimento. A criptomoeda foi criada para ser uma transação financeira entre pessoas de forma mais fácil, transparente e sem precisar de intermediários, ou seja, bancos.
Bitcoin é uma moeda digital baseada numa tecnologia chamada blockchain, que tem ganhado forma nos últimos anos. Blockchain á uma forma de confirmar transações usando uma rede de computadores. Pode ser uma transação financeira, no caso da moeda digital, mas pode ser um contrato de compra, um acordo de locação. Como a transação é confirmada com uma rede de computadores, fraudar é uma missão quase impossível. 
É isso que garante a segurança na utilização do bitcoin, que nasceu após a bolha imobiliária dos Estados Unidos, em 2008, quando instituições financeiras faliram e perderam credibilidade.
No vídeo abaixo, o especialista Marcos Henrique conta um pouco da história do Bitcoin.

Em 2017, a moeda ganhou popularidade e chamou atenção de investidores por ter se valorizado muito e ter sido uma aplicação altamente rentável. A moeda não valia nada quando foi criada e deve fechar esse ano em mais de R$ 55 mil.
Alguns especialistas dizem que em 2018 o bitcoin deve chegar a valer U$ 50 mil. Isso mesmo. Ou seja, o preço de um bitcoin deve passar dos R$ 150 mil. Mas isso é especulação, nada garante que de fato acontecerá. Outros investidores, por exemplo, dizem que, também em 2018, o valor da moeda digital deve cair e se estabilizar no valor de U$ 1 mil.
Se você não quer usar a moeda apenas para fazer pagamentos, mas para ganhar algum dinheiro saiba que é um investimento de alto risco. A compra da moeda pode ser feita através de corretoras, como a que mostramos na reportagem no Pequenas Empresas e Grandes Negócios.
Para estar mais seguro, é preciso entender bem como a tecnologia funciona. Os especialistas dão algumas dicas:
- Crie uma carteira digital. Pode ser aplicativos, que são gratuitos, ou um pen drive específico para isso. É como se você guardasse o dinheiro com você e não deixasse na mão das corretoras.
- Pesquise sobre a empresa da qual vai comprar a moeda.
- Existem taxas de transações. Não esqueça disso e leve em conta quando calcular a rentabilidade.
- Fique de olho nas notícias sobre a moeda. É como investir em ações na bolsa, é preciso estar atento sobre o melhor momento de comprar e vender.
É preciso lembrar que o bitcoin é uma moeda descentralizada, não emitida por um banco central e independente da política monetária de qualquer país. Por isso, inclusive, não tem nenhuma garantia. Além disso, ninguém controla as suas transações. Então, seu valor depende somente da demanda pela moeda virtual. Assim, pequenos acontecimentos podem afetar significativamente a demanda pela moeda e sua taxa de câmbio.
Por exemplo, essa semana, a notícia da negociação de contratos de mercado futuro ligados ao bitcoin na bolsa de Chicago fez a preço da moeda subir. Outro evento que pode mexer na valorização da moeda digital é a decisão de alguns países regulamentarem ou não a criptomoeda. Alguns governos já estão olhando para isso. O Marcos explica melhor nesse trecho da entrevista.
Fonte: http://g1.globo.com

sábado, 16 de dezembro de 2017

Governo do Estado de São Paulo adota Criptomoeda para financiar projeto Ilumina SP

Resultado de imagem para alckmin criptomoedas

Enquanto o presidente do Banco Central do Brasil, Ilan Goldfajn se mostra cético e arredio ao Bitcoin e outras criptomoedas, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, parece ter uma visão diferente do assunto, tanto que, enquanto no congresso nacional os deputados discutem o “status” das criptos no Brasil, o governador paulista, irá utilizar contratos inteligentes (smart contracts), baseado no Blockchain da Ethereum para financiar projetos de iluminação pública para os municípios do Estado, segundo o site oficial do Governo do Estado.
A proposta faz parte do projeto “Ilumina SP”, lançado em maio deste ano, e prevê a criação de PPP (Parceria Público Privada) na área de iluminação pública (que é de responsabilidade dos municípios) com o objetivo de melhorar a qualidade do serviço, reduzir custos com manutenção e o consumo de energia, além de gerar emprego, renda e aumento da receita de municípios.
Como parte deste projeto, o Governo do Estado, assinou, esta semana, um protocolo de intenções com a startup norte-americana CG/LA Infrastructure para elaboração dos estudos técnicos, jurídicos e financeiros para melhorar a eficiência na iluminação pública nas cidades que forem selecionadas para esta primeira fase de testes.
“SABEMOS QUE EXISTEM MUITAS DEMANDAS DE PPP EM ILUMINAÇÃO. MAS FAZER PPP NÃO É FÁCIL: REQUER UM CONJUNTO DE ESTUDOS, DE ENGENHARIA, TECNOLOGIA E PRINCIPALMENTE COMO ADAPTAR OS POSTES ATUAIS E A ELETRIFICAÇÃO PARA UM SISTEMA DE SMART CITY”, COMENTOU KARLA BERTOCCO, SUBSECRETÁRIA DE PARCERIAS E INOVAÇÃO.
“UMA GRANDE PREOCUPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO É QUE AS DIFERENTES CIDADES QUE IMPLEMENTAREM A PPP FAÇAM COM A MESMA LINGUAGEM OU COM LINGUAGEM COMPATÍVEIS. PORQUE QUANDO SE TEM ESSE CONCEITO DE CIDADES INTELIGENTES, QUE INCLUI ALÉM DE ENERGIA, O WIFI E TAMBÉM SISTEMA DE MONITORAMENTO POR CÂMERA, SE CADA UM FIZER DE UMA MANEIRA, ACABAMOS PERDENDO UMA OPORTUNIDADE DE TER UMA INFORMAÇÃO INTEGRADA E COM ISSO MELHORAR OS SERVIÇOS PÚBLICOS, INCLUSIVE DO ESTADO, COMO A SEGURANÇA PÚBLICA E GESTÃO DE CONGESTIONAMENTO”, EXPLICOU.

O Projeto

Para esta primeira fase, serão escolhidos municípios acima de 100 mil habitantes que estejam aptos a receber apoio para os estudos. Essas cidades servirão de referência para uma espécie de cartilha de como fazer parceria com a iniciativa privada na área de iluminação (serão investidos até U$ 1 milhão na contratação de serviços técnicos locais nos municípios para identificar necessidades de infraestrutura e de padronização de documentos licitatórios, todo investimento será pago pela CG/LA). Em 90 dias serão anunciados os municípios escolhidos e um plano de trabalho para a confecção dos modelos de iluminação pública. A conclusão deverá durar de seis a oito meses.
A grande novidade é que o projeto será financiado em parte de solução em blockchain e criptomoedas. “Esse protocolo prevê que em 90 dias a gente possa elaborar um modelo de projeto que possa ser financiável em moedas virtuais então, por meio da CG/LA, eles vão fazer os diversos estudo técnicos de engenharia, jurídicos e financeiros e aqueles que fizerem os estudos vão começar a receber uma parte em reais e uma parte em moedas virtuais“, relatou Karla Bertocco.

BuildCoin

A criptomoeda que o Governo irá usar nesta proposta de PPP, será a BuildCoin que está na fase de desenvolvimento e vai ser lançada somente em junho de 2018. A moeda, que utiliza um contrato inteligente na Blockchain da Ethereum, busca criar um ativo digital específico para a área de infraestrutura, daí o nome da moeda. Está sendo desenvolvida pela BuildCoin Foundation, entidade sem fins lucrativos ainda a ser estabelecida na Suíça que pretende captar em 2018 aproximadamente USD 59,4 milhões, via ICO, para as atividades de desenvolvimento das soluções, financiamento de obras e construção de um meio de pagamento para o setor.

Questões em aberto

O Governo do Estado não deu mais detalhes sobre o projeto, como, por exemplo, se os usuários poderão pagar suas contas de Luz também usando a criptomoeda ou se ela também poderá ser usada para financiar outras PPP estaduais, e nem como o governo irá garantir que o dinheiro utilizado, via BuildCoin, não tenha origem em atividades ilegais como lavagem de dinheiro e corrupção, afinal, este é o grande argumento que tem sido usado pelos governos e reguladores com relação ao mundo cripto.
Outro ponto em aberto, tem a ver com o status das criptomoedas no Brasil que ainda aguardam regulamentação junto ao Congresso Nacional e sansão presidencial, assim, é difícil prever como, juridicamente, um Estado possa aceitar, como forma de pagamento e/ou recebimento, ativos comerciais não regulamentados juridicamente, e sem lastro no Banco Central do Brasil.
Também, ainda resta dúvidas em como o Governo pretende lidar com a variação cambial do Token, dado que, no mundo cripto, a volatilidade dos preços são enormes, além do que, particularmente no caso de Tokens, não há, até o momento Exchange no Brasil que faça a negociação no par Token/Real, acarretando um grande ágio nos preços (qual cotação será usada?). Isso sem contar em como será o monitoramento do ICO da BuidCoin, dado que ela será ‘reconhecida’ pelo Estado, seria necessário uma ‘auditoria’, para saber, exatamente se o projeto condiz com  seu Paper para garantir a integridade dos Tokens.
No campo jurídico, fica em aberto, como, em caso de conflito envolvendo a criptomoeda, uma wallet oficial hackeada por exemplo, como a lei nacional, que ainda não tem legislação específica para moedas ou ativos digitais, irá lidar com o assunto, isso sem contar aspectos da Lei 8.666, a lei de licitações, que podem ser evocados pela preferência do Governo a um Token que, se for usado apenas para a questão monetária (pagamento e/ou recebimento) não tem nenhum diferencial que justifique uma inegibilidade da escolha.
Essas, além de outras perguntas estão em aberto, no entanto, a proposta do Governo do Estado de São Paulo, pode significar uma mudança de paradigma na relação nacional cripto/estado e coloca mais “caroço” no “angu” do debate cripto brasileiro, que ao mesmo tempo que tem posições favoráveis ao mundo cripto (Ministério do Planejamento, Febrabam e outros –  estudado soluções em Blockchain, principalmente Ripple e Ethereum), do outro, tem seus detratores e “boicotadores” com os Bancos estatais que tem bloqueado, sem aviso, contas de Exchanges e P2Ps. Talvez entre os extremismos que vem pela frente na eleição de 2018, alguns bites e hashs entrem no horário eleitoral gratuito.
Fonte: www.criptomoedasfacil.com

Bitcoin vira o investimento mais sedutor do planeta em 2017



Só no Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas estão apostando nesse ouro digital

Apenas a ambição humana explica como algo que ninguém sabe definir direito virou o investimento mais sedutor do planeta em 2017. Só no Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas estão apostando nesse ouro digital — mais do que o dobro de investidores da tradicional Bolsa de Valores. É tanta gente que essa moeda virtual se tornou o principal símbolo da cobiça nossa de cada dia.

O NASCIMENTO

Há sete anos, um programador de dados fez uma encomenda banal a uma pizzaria na Flórida. Seria uma compra pela internet como outra qualquer, não fosse por um detalhe. Ele queria pagar a pizza com uma estranha moeda virtual criada dois anos antes para ser usada apenas em transações online. Como a loja só aceitava dólares, o sujeito ofereceu a tal moeda a outro programador, que topou filcar com ela e pagar pela comida em dinheiro “de carne e osso”.

Foi assim que nasceu a primeira transação comercial do mundo com bitcoin — a moeda que quase ninguém sabe o que é, mas que virou o símbolo máximo da cobiça neste 2017, quando atingiu uma valorização de 1.753%. E, enquanto especialistas debatem se é bolha ou não, gente de toda sorte, do gestor de Wall Street ao taxista carioca, tem depositado economias e esperanças nessa espécie de índice das ansiedades coletivas da sociedade em rede.

— As pessoas se veem imediatamente tentadas a entrar em algo que pode torná-las ricas rapidamente — analisa Leonhard Lades, professor de economia comportamental da Universidade de Stirling, no Reino Unido.

Mas, afinal, o que é esse obscuro objeto de desejo? Bitcoin (moeda de bits) não tem forma, cor nem cheiro. Não existe em nota nem níquel. E é aqui que a coisa complica, exigindo um certo exercício de abstração. Bitcoin nada mais é do que um arquivo de computador criptografado, ou seja, protegido por um código único. Ele, em si, não tem qualquer valor. Em seu começo, era usado como um escambo em versão 2.0. Eu te dou bitcoins, você faz uma planilha ou algo assim para mim (o troço, afinal, surgiu entre geeks). Até o dia em que o tal programador que abre esta reportagem resolveu trocar bitcoins por algo palpável — no caso, pizza.

Com o tempo, essa rede restrita a entusiastas da tecnologia foi se ampliando e deu origem a um novo mercado. Hoje, o valor do bitcoin é determinado em corretoras com base na boa e velha lei da oferta e da procura. E cada um valia, até ontem à tarde, cerca de US$ 16.500 (R$ 55 mil). Ou seja, é impalpável, é invisível, mas virou dinheiro, muito dinheiro.

— O fenômeno do bitcoin tem todas as características de um efeito de manada — diz Alexandre Versignassi, autor do livro “Crash — Uma breve história da economia”. — Se no seu entorno as pessoas assistem a um seriado, você tende a assistir a ele também. Se todos os seus amigos dizem que estão ganhando dinheiro da noite para o dia de uma maneira fácil, a chance de você ficar fora disso é mínima.

Por “todos os seus amigos”, leia-se jovens como a estudante Luana Larissa Teixeira, de 18 anos, e o empresário de tecnologia Leandro França de Mello, de 42 anos. Só no Brasil, são mais de 1 milhão de pessoas. Há tantos entusiastas da nova moeda que já existem até encontros em bares para tratar do assunto. No último sábado, Leandro e outros 20 investidores de perfis variados se reuniram num boteco em Botafogo, Zona Sul do Rio, para discutir estratégias e trocar dicas.

Apesar do clima festivo, a batida pode estar fora do tom. Segundo a médica e psicoterapeuta Cínthya Verri, os efeitos já tocam à porta dos consultórios:

— Antes, jovens com comportamento compulsivo, como consumidores frequentes de pornografia, falavam de moeda virtual, um dinheiro com menos chance de rastreio. Hoje, o assunto chega de clientes não tão jovens, profissionais que querem se livrar de todas as crises. Acham que isso vai ser o pulo do gato. Há também um componente de emoção, de investir numa coisa nova, moderna. Não querem fazer como os pais, que compraram imóveis, hoje parados.

Cínthya lembra que a crise é outro estímulo. Há uns anos, ela diz, as pessoas não teriam coragem de investir em algo tão etéreo:

— Agora, partem para o desespero. Não vejo nada de matemático nem de análise nisso, é uma tendência muitas vezes inconsciente. Uma coisa meio Serra Pelada.

O fenômeno é estranho também para o consultor de inovação corporativa Márcio Kogut.

— O que está acontecendo é fora do normal. De dois meses para cá, o bitcoin passou a atrair gente movida pela ganância, que quer ficar milionária da noite para o dia. Já há histórias de pessoas que hipotecaram a casa. No Brasil, há quem esteja gastando o 13º em bitcoin. Todo mundo quer achar uma mina de ouro, mas quem ganha são os que vendem pás e picaretas.

Especialistas em comportamento e consumo citam ainda outra explicação para tanto frisson em torno da moeda virtual: a sensação de lidar diretamente com suas economias, sem intermediação (e intervenção) de governos, bancos e outras empresas. Algo que nasceu com um espírito libertário como o que levou à criação do Napster, em 1999. Na época, o programa que permitia trocas de músicas entre pessoas de todo o mundo (peer to peer) explodiu ao empoderar o usuário. Acusado de incentivar a pirataria e derrubar os lucros do mercado fonográfico, o Napster morreu dois anos depois por decisão da Justiça.

O bitcoin virou o assunto da hora, mas a ideia de se criar uma moeda virtual vem dos anos 1990. Só não havia tecnologia que garantisse segurança para essas operações. Foi aí que um certo Satoshi Nakamoto surgiu, em 2008, com um estudo técnico propondo esse tal de bitcoin, para fugir das normas básicas da economia como a conhecemos e apostar num ambiente em que dinheiro e confiança pudessem andar juntos.

Mas isso foi lá atrás...

UM ADMINIRÁVEL MUNDO NOVO

Ninguém sabe exatamente quem é o criador da bitcoin. Veja algumas curiosuidades.

O criadorOs bitcoins foram criados em 2008 por um certo Satoshi Nakamoto, que nunca apareceu publicamente e, por isso, não se sabe se é mesmo uma pessoa ou um grupo escondido sob um pseudônimo. Sua identidade é um dos segredos mais bem guardados da internet.

HISTÓRIAS DE QUEM ESTÁ PAGANDO PARA VER
Estevao Goldani colocou suas economias em bitcoin - Leo Martins / Agência O Globo


Ainda que muitos só estejam descobrindo agora o mundo dos bitcoins, outros tantos estão se arriscando nesta aventura faz tempo. No Brasil, estima-se que há mais de um milhão de investidores de bitcoins, enquanto a Bolsa tradicional tem pouco mais de 500 mil.

Trocar bitcoins por pizza é coisa do passado. Hoje, a tentação é ver o dinheiro investido se multiplicar. E isso representa riscos, muitos riscos. O empresário Leandro França de Mello começou a apostar em bitcoins em 2012, comprando e vendendo diariamente a moeda, tentando ganhar nas oscilações. Se tivesse simplesmente deixado-as na carteira, ele calcula que não teria do que se arrepender. Mas não foi assim. E parte do patrimônio ele perdeu por descuido. Leandro guardava displicentemente em um bloco de notas do computador suas chaves criptográficas privadas, os tais códigos intransferíveis que garantem o acesso aos bitcoins. Quando o PC queimou, as moedas associadas àqueles números foram relegadas ao umbral dos bitcoins. Este limbo, que inclui ainda moedas órfãs de investidores falecidos, soma pelo menos R$ 6,9 bilhões, segundo estudo da Chainalysis publicado no mês passado. Os fóruns da internet estão repletos de lamentações saudosas sobre bitcoins perdidos para sempre.

— Na época, como estudante de economia, eu achava muito esquisito que uma moeda se valorizasse ad aeternum — diz.

COMPRA E VENDA

A história de Estevão Goldani, de 28, é outra. Em dois anos, o assistente de pós-produção se transformou de pacato aplicador da caderneta de poupança em especulador das chamadas criptomoedas. Ele entrou com força no bitcoin nos últimos meses e diz que ainda não se arrepende:

— Todo mês, vou colocar um pouquinho da sobra do salário em bitcoins. Meus pais não entendem. Meu pai ganhou uma grana na quina, e implorei para que investisse também, mas ele é muito conservador e não quis.

Luana Larissa Teixeira, de 18 anos, dividiu seu tempo este ano entre os estudos no cursinho vestibular, as madrugadas jogando “League of Legends” e as apostas em criptomoedas. Jogou-se no bitcoin aos 17, no fim do ano passado, por amor. Seu namorado queria aplicar ali as economias, mas o expediente no trabalho não lhe permitia operar ao longo do dia. Coube a ela a tarefa. A partir de um capital inicial de R$ 8 mil, a jovem passou a dedicar parte importante do dia à compra e venda de bitcoins. Apaixonou-se pelo que fazia e via ali muito mais sentido do que posts no Facebook ou no Instagram, aos quais é avessa. Lamentou quando, em maio, precisaram sacar o dinheiro para pagar despesas da casa:

— O humor oscila com a volatilidade do preço. Eu me empolgava quando estava ganhando e, às vezes, chorava nos momentos de queda, achando que perderia tudo. Ficava monitorando a cotação pelo celular ao longo do dia, e meus amigos não entendiam muito o motivo.

No fim de 2013, Luiz Moretzsohn Neto satisfez a curiosidade aguçada por um amigo do ramo de tecnologia comprando algumas daquelas excentricidades que mal conhecia. Não prestou mais atenção naquilo até que, dois anos depois, lembrou-se de checar o saldo e sorriu com a valorização de 650%. Sacou o patrimônio e só quis saber de bitcoin de novo este ano, colocando cinco vezes o que aplicara em 2013 para ver o bolo crescer.

— É especulação pura. Vejo como um pôquer, não como investimento — admite Luiz que, mesmo trabalhando no mercado financeiro, justifica sua desconfiança a respeito do bitcoin daqui para frente recorrendo à máxima do métier: — Quando todos começam a falar de um ativo, é hora de sair dele.

O RISCO DA BOLHA

O ecossistema Bitcoin

ORIGEM
O bitcoin nasceu como um código em um software, sem valor financeiro atribuído a ele. Nakamoto minerou o primeiro "bloco" em janeiro de 2009, recebendo 50 bitcoins em troca. O valor monetário surgiria posteriormente, conforme mais pessoas aderissem à rede e fizessem transações com ele. Hoje, as corretoras de bitcoins atribuem a ele o valor que esses usuários enxergam nele.
Surgiu no fim de 2008 a partir de um documento publicado na internet por alguém chamado Satoshi Nakamoto, cuja identidade jamais foi revelada. O primeiro software seria lançado em janeiro de 2009.
O QUE É BITCOIN?
O bitcoin é uma moeda digita que existe à revelia de governos e autoridades monetárias.
Os usuários estão espalhados pelo mundo
2008
TORRENT DO DINHEIRO
Suas transações prescindem de intermediários como bancos ou Bolsas, sendo validadas coletivamente pelos computadores plugados à rede.
Ele circula em uma rede de computadores do tipo pessoa-para-pessoa (P2P), que transforma os computadores pessoais em uma grande rede de trabalho
Uma rede P2P pode envolver milhares de usuários
Os usuários são anônimos
?
MINERAR A MOEDA
O termo é uma analogia à mineração de ouro porque permite que os usuários ganhem frações de Bitcoin como recompensa por cederem seus computadores para manter a rede funcionando.
Apesar do anonimato dos usuários, quando o Bitcoin muda de dono isso é registrado publicamente
TRANSAÇÃO

Comofunciona

Nessa hora, os mineradores emprestam o processamento dos seus computadores para decifrar esse código. Com o código decifrado, as moedas são liberadas para circulação.
Os mineradores recebem parte dos bitcoins gerados como recompensa.
Quando um usuário envia bitcoins a outro, um código criptográfico é gerado.

QUEM EMITE OS BITCOINS?
A geração de novos Bitcoins ocorra em ritmo pré-determinado e decrescente. Quanto mais usuários existirem, menos Bitcoins são gerados.
A moeda surge da prórpria rede, quando os mineradores recebem uma fração por cada transação validada.
Mas há uma quantidade limitada de moedas. Elas são liberadas aos poucos, de acordo com o crescimento da rede.
21 milhões

QUANTOS BITCOINSEXISTEM?
é o número máximode Bitcoins previsto
Até dezembro de 2017 já são16,7 milhões
restam4,3 milhões

O QUE É BLOCKCHAIN?
TRANSAÇÃO
É como chamam o modelo de segurança compartilhada utilizada pela rede do Bitcoin

SEGURANÇA
REGISTRO
Como todos os computadores da rede têm acesso a uma cópia desse arquivo, ele é considerado imutável, uma vez que qualquer tentativa de alteração seria imediatamente identificada.
Depois de validado, o código da transação é acrescentado a um arquivo que contém todas as transações já feitas com bitcoins.

BLOCKCHAIN
EXCHANGES E CARTEIRAS
A grande maioria dos usuários de bitcoin não minera e, portanto, passa ao largo desse processo. São pessoas que compraram suas moedas por meio das "exchanges", corretoras que comercializam o bitcoin como se fosse uma moeda estrangeira. Depois de adquiri-los, esses usuários armazenam o patrimônio em aplicativos conhecidos como "wallets" (carteiras), disponíveis em PCs e celulares.
Como começar
DOWNLOAD
Primeiro, você deve criar a sua conta e baixar o programa
Ele criará uma "carteira", que dará acesso a vários endereços de Bitcoin
EX. DE ENDEREÇO
V48UhjF7123dmN34d5pY15

COMO USAR A MOEDA?
SERVIÇOS DEHOSPEDAGEM
LOJAS ONLINE
Ele pode ser utilizado como pagamento para diversos tipos de serviços e produtos como:
CONSULTORIAS
SERVIÇOS DEFREELANCERS
ACESSO A REDES
Outra utilização frequente é a transferência de dinheiro para o exterior sem passar pelos bancos - e, por essa característica, o bitcoin também é utilizado por criminosos. Mas, hoje, a maioria das pessoas adquire bitcoins como um investimento financeiro.

EVOLUÇÃO DO PREÇO
Desde sua criação em 2009, o Bitcoin vem valorizando gradativamente, mas nos últimos anos a especulação sobre a moeda aumentou bastante seu preço.
Preço do Bitcoin em 2017
Valores em dólares
$20.000
17.202,42
$15.000
$10.000
4.950,72
$5.000
997,69
$0
Jan ‘17
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez ‘17
Fonte: Bitcoin.com

COMPARE OS VALORES DO BITCOIN
2010
2017
(30/8)
(12/12)
17.166
$ 0,06
dólar
dólares
Fonte: Bitcoin.com

Como tudo que se relaciona a investimentos (e a cobiças), entrar no mundo das moedas virtuais requer cuidado, paciência, fé e sorte. Os alertas a respeito desse mercado tão novo têm se multiplicado em todo o mundo, pois a valorização de 1.753% do bitcoin, somente este ano, é um indicativo de que o preço dessa e de outras divisas pode cair a qualquer momento, fazendo investidores perderem os recursos aplicados. Esta semana, aliás, o presidente do Banco Central brasileiro, Ilan Goldfajn, disse que o atual interesse pelas moedas virtuais é típico de bolhas econômicas.

A título de comparação, é bom saber que, de janeiro até ontem, o principal índice da Bolsa brasileira se valorizou em 22%, contra 8,2% do ouro e 1,6% do dólar. Já o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve valorização de 27% — bem abaixo do bitcoin.

Por outro lado, Ricardo Humberto Rocha, professor de Finanças do Insper, lembra que quem denuncia categoricamente uma bolha de bitcoins tem errado ao longo dos anos, já que eles gritaram cada vez que a moeda ultrapassou cada marco importante (aos US$ 100, aos US$ 5 mil, aos US$ 10 mil etc.).

— O bitcoin é um dinheiro com transações que nenhum governo pode censurar. Para mim, isso é muito mais valioso que uma Apple. Por essa linha de raciocínio, até que está bastante barato — compara Rodrigo Batista, diretor-executivo do Mercado Bitcoin.

Em economês, chamamos de bolha quando determinado produto ou serviço recebe tantos investimentos que seu valor de mercado acaba se descolando da realidade. É uma lei básica: a intensa procura por um produto ou serviço provoca aumento do seu preço. Na bolha, a aposta na valorização do bem é tanta que seu preço incha demais em relação ao que seria justo em condições normais de mercado. O problema é quando essa bolha inchada estoura. Isso acontece quando os investidores mais graúdos percebem que a operação não está dando o retorno desejado. Com isso, redirecionam seus investimentos e, no efeito manada, outros investidores também começam a fugir. Aí o valor das ações cai demais e faz-se o estrago.

A primeira bolha conhecida, por exemplo, aconteceu na Holanda, no século XVII. Descobriu-se, na época, que as tulipas se davam bem nas terras holandesas. Depois que alguns produtores começaram a ter lucros pesados com elas, muita gente começou a plantá-las. Só que não teve mercado para todo mundo, o preço das flores caiu e, assim, a bolha explodiu, provocando o choro de investidores que tinham apostado sua grana nas tulipas. (falando em flores, leia sobre margaridas e margaritólogos)

A internet também está no centro de um capítulo trágico na história dos desastres financeiros. Na década de 1990, a rede mundial deixou de ser um ambiente exclusivo de instituições acadêmicas ou militares, abrindo suas portas para empresas comerciais e para os cidadãos comuns.

Era, portanto, um novo mercado gigante, e as ações de empresas que operavam na internet dispararam, com investidores acreditando que a chamada “nova economia” dominaria o mundo. Entretanto, não foi bem assim que aconteceu. Em 2000, o preço das companhias pontocom começou a despencar, provocando muitos prejuízos financeiros.

Olhando retrospectivamente, todas essas bolhas deram sinais de que iriam acontecer porque seus indicadores, em determinado momento, eram positivos demais. Sinal de que o mundo dos bitcoins promete novas emoções.

Fonte: Globo.com

“O animal satisfeito dorme”, texto de Mário Sérgio Cortella

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O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação.
A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece.
Por isso, quando alguém diz “fiquei muito satisfeito com você” ou “estou muito satisfeita com teu trabalho”, é assustador. O que se quer dizer com isso? Que nada mais de mim se deseja? Que o ponto atual é meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de mim nada mais além se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavorante; passaria a idéia de que desse jeito já basta. Ora, o agradável é quando alguém diz: “teu trabalho (ou carinho, ou comida, ou aula, ou texto, ou música etc.) é bom, fiquei muito insatisfeito e, portanto, quero mais, quero continuar, quero conhecer outras coisas.
Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando, quietos, para a tela, enquanto passam os letreiros, desejando que não cesse? Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos um pouco apoiado no colo, absortos e distantes, pensando que não poderia terminar? Uma boa festa, um bom jogo, um bom passeio, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue?
Com a vida de cada um e de cada uma também tem de ser assim; afinal de contas, não nascemos prontos e acabados. Ainda bem, pois estar satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento.
Quando crianças (só as crianças?), muitas vezes, diante da tensão provocada por algum desafio que exigia esforço (estudar, treinar,EMAGRECER etc.) ficávamos preocupados e irritados, sonhando e pensando: por que a gente já não nasce pronto, sabendo todas as coisas? Bela e ingênua perspectiva. É fundamental não nascermos sabendo e nem prontos; o ser que nasce sabendo não terá novidades, só reiterações. Somos seres de insatisfação e precisamos ter nisso alguma dose de ambição; todavia, ambição é diferente de ganância, dado que o ambicioso quer mais e melhor, enquanto que o ganancioso quer só para si próprio.
Nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, modificar. Quanto mais se nasce pronto, mais refém do que já se sabe e, portanto, do passado; aprender sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar.
Diante dessa realidade, é absurdo acreditar na idéia de que uma pessoa, quanto mais vive, mais velha fica; para que alguém quanto mais vivesse mais velho ficasse, teria de ter nascido pronto e ir se gastando…
Isso não ocorre com gente, e sim com fogão, sapato, geladeira. Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta, e vai se fazendo. Eu, no ano que estamos, sou a minha mais nova edição (revista e, às vezes, um pouco ampliada); o mais velho de mim (se é o tempo a medida) está no meu passado e não no presente.
Demora um pouco para entender tudo isso; aliás, como falou o mesmo Guimarães, “não convém fazer escândalo de começo; só aos poucos é que o escuro é claro”…
Excerto do livro “Não nascemos prontos! – provocações filosóficas”. De Mário Sérgio Cortella

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Bitcoin renova máxima histórica com mais uma bolsa discutindo lançamento de contratos futuros

Criptomoeda dispara mais de 10% no mercado brasileiro

Imagem da história para bitcoin de InfoMoney
SÃO PAULO - Ao disparar 10% na manhã desta sexta-feira (15), o Bitcoin renovou mais um topo histórico ao deixar para trás a marca de US$ 17.500 e cravar máxima intradiária em US$ 18.100, o que corresponde a uma valorização superior a 1.800% somente este ano. Por aqui, às 9h54 (horário de Brasília), o Bitcoin sobe mais de 12% e na máxima do dia chegou na marca de R$ 66.600.

Seguindo o caminho da CBOE (Chicago Board Options Exchange), que lançou no último domingo (10) os contratos futuros da criptomoeda, a bolsa de Frankfurt deve oferecer muito em breve os derivativosde Bitcoin, segundo informações da revista WirtschaftsWoche. "Estamos pensando em derivativos da criptomoeda, com os quais investidores privados e institucionais podem proteger os investimentos em Bitcoin", disse um porta-voz da bolsa alemã.

Segundo aponta a reportagem, os executivos da Deutsche Boerse pretende listar os futuros da criptomoeda na Eurex, que é o maior mercado de futuros e opções da Europa. Contudo, eles se mostraram preocupados com possíveis manipulações de preços, alegando a falta de regulação do mercado de Bitcoin, crítica comum dos grandes bancos.

Além, da CBOE, a CME (Bolsa de Chicago) confirmou que iniciará as negociações dos contratos futuros da Bitcoin na próxima segunda-feira (18). Na mesma linha, a Tokyo Financial Exchange, uma das maiores bolsas de valores do Japão, também anunciou que pretende lançar contratos futuros de Bitcoin: "uma vez que o órgão regulador reconhecer as criptomoedas como produtos financeiros, listaremos os futuros o mais rápido possível", afirmou o CEO da bolsa japonesa, Shozo Ohta. Com o lançamento destes ativos, o mercado deve mudar drasticamente, ganhando muita força já que dá ainda mais segurança para quem quer investir em Bitcoin, o que automaticamente eleva a demanda pela moeda digital.


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