terça-feira, 17 de agosto de 2021

Bitcoin já é 3º investimento preferido entre clientes de plataformas, diz pesquisa da FGV e da Hashdex

 Os criptoativos, com o bitcoin à frente, já são a terceira modalidade de investimentos preferida dos brasileiros que aplicam via plataformas, com 27,78% desses investidores dizendo possuir essa classe de ativos em suas carteiras.

O segmento de ativos digitais perde apenas para aplicações em ações (72,05% de incidência) e em títulos privados de renda fixa, como CDB (40,45%), na quantidade de pessoas que dizem ter cada tipo de aplicação. E está à frente de ativos tradicionais, como títulos do Tesouro Direto (18,92%), commodities (18,06%), moedas estrangeiras (13,19%) e poupança (1,74%).


Os dados são de um levantamento pioneiro sobre o perfil do investimento em criptoativos no Brasil, cuja primeira de três etapas é divulgada com exclusividade pelo Valor Investe. Os objetivos são “mapear o perfil dos investidores, entender suas diferenças sistemáticas e testar hipóteses de finanças comportamentais”.


O estudo é capitaneado pela Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP) e pela gestora de fundos de criptoativos Hashdex, famosa por ter listado o primeiro ETF de criptoativos na bolsa brasileira, o HASH11.

A sondagem analisa as respostas a um questionário de 576 pessoas, entre fevereiro e março deste ano, incluindo investidores de criptoativos e pessoas que nunca investiram em criptos. Em ambos os casos, as respostas são de clientes de escritórios de agentes autônomos parceiros: Monte Bravo, Blue3, Acqua-Vero, One e Renova Invest.

O acesso à base das empresas foi importante para reduzir o viés de seleção, diz Jéfferson Colombo, professor da FGV EESP e coordenador da pesquisa. “Se tivéssemos lançado uma enquete no site da Hashdex, as respostas seriam de pessoas com predisposição a entender do assunto. Ao disparar por meio dos escritórios, acessamos também gente que investe em ações ou fundos imobiliários, mas que não está nem aí para cripto”, afirma.

A pesquisa tem apoio do projeto University Blockchain Research Initiative, do qual a FGV faz parte, capitaneado pela instituição por trás da tecnologia de registro distribuído (blockchain) Ripple, da criptomoeda de mesmo nome. O documento completo com os dados da primeira fase do relatório poderá ser acessado nos sites da Hashdex e da FGV EESP a partir de amanhã (18).


Criptomoedas são terceiro investimento mais recorrente

A principal conclusão do estudo é que as criptomoedas já ocupam o terceiro lugar na preferência dos investidores no país, segundo a amostra, que não quantifica o valor investido – ou seja, as criptos são a terceira modalidade de investimento mais frequente nas respostas, mas não necessariamente o terceiro investimento em volume financeiro.

Investimentos mais populares entre clientes de plataformas

Respostas%
Ações41572,05%
Títulos privados de renda fixa (CBD, LCA, LCI)23340,45%
Criptomoedas16027,78%
Tesouro Direto10918,92%
Commodities10418,06%
Câmbio7613,19%
Poupança101,74%

Além disso, o levantamento revela que o conhecimento sobre criptomoedas e o interesse por este segmento são maiores entre os que estão mais pessimistas com relação às perspectivas da economia brasileira. Neste grupo, com predominância de pessoas com idade entre 30 e 39 anos, são maioria os investimentos em títulos privados, câmbio e criptoativos.

Por outro lado, ainda segundo o levantamento, os otimistas em relação à economia – fatia na qual se destacam pessoas na faixa etária entre 50 e 59 anos – são o maior grupo entre os que pretendem investir em ações.

Jovens têm mais conhecimento sobre criptos

De acordo com a pesquisa, jovens de até 29 anos são os que mais têm conhecimento sobre criptoativos, e são também o público mais propenso a tolerar riscos nos investimentos.

O bitcoin e os criptoativos têm mais eco junto a investidores que declaram possuir perfil de investimento agressivo, e entre pessoas com curso superior relacionado a finanças.

O estudo evidencia ainda que o bitcoin é, como se poderia imaginar (dada a popularidade e a predominância em comparação com outras criptomoedas), o principal vetor de popularidade dos criptoativos em geral.

Os participantes precisaram identificar siglas que designam as criptomoedas bitcoin, ethereum e Ripple (BTC, ETH e XRP), incluídas em uma lista com outros ativos. Do total, 36,8% dos participantes identificaram somente o bitcoin. Outros 24,1% identificaram bitcoin e ethereum, enquanto 23% não reconheceram nenhuma sigla e apenas 15,8% demonstraram conhecer todas elas.

Há outros achados interessantes no estudo, como o fato de que mesmo na fatia dos entrevistados que declaram perfil de investimento conservador, o conhecimento sobre bitcoin é significativo, superior a 20%.

Já o conhecimento sobre outras criptomoedas, e não só a mais famosa delas, cresce conforme aumenta a predisposição a risco e supera 40% da faixa de público que se declara de perfil agressivo.

“Conhecer o perfil do investidor interessado em criptoativos e seu nível de conhecimento é de extrema importância para que possamos desenvolver ações educativas direcionadas”, comenta Marcelo Sampaio, CEO da Hashdex.

Já Colombo, da FGV EESP, acrescenta que “Apesar de o mercado de criptoativos estar em franco crescimento, ainda se sabe muito pouco sobre as características e percepções dos brasileiros quanto a essa classe de ativos emergente”.

Ele ressalta que o projeto ainda tem duas divulgações por vir, além da elaboração de um artigo acadêmico “para explorar as informações com maior profundidade”.

Nas próximas fases, diz, o levantamento vai detalhar a “bifurcação” no questionário a partir da resposta à pergunta “Você já investiu em criptomoedas?”. A segunda fase vai focar nos investidores que responderam “sim”.

“Vamos entender quais foram os motivadores: histórico de alta, popularidade, potencial da tecnologia, descorrelação com outros investimentos etc. Também vamos analisar outras informações, como se a pandemia de covid-19 afetou a escolha por criptos e se no próximo ano pretende manter, aumentar ou reduzir essa posição”, explica Colombo.

Já a parte três do estudo vai jogar luz sobre quem diz nunca ter investido em criptomoedas, ele diz, “Para entender o que repele a pessoa desse segmento e analisar o peso de questões ligadas a fraudes, flutuação no preço, experiências ruins no passado e incerteza sobre legislação”.

A ideia, diz Colombo, é repetir a pesquisa ano a ano: “Pode ser legal construir uma série temporal dessas informações”.

Bitcoin já é 3º investimento preferido entre clientes de plataformas, diz pesquisa — Foto: Getty Images

Bitcoin já é 3º investimento preferido entre clientes de plataformas, diz pesquisa — Foto: Getty Images

Fonte: https://valorinveste.globo.com/

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