segunda-feira, 31 de maio de 2021

Crash das criptos: como o ethereum pode ultrapassar o bitcoin

 


A turbulência nos preços das criptomoedas atingiu os mercados nas últimas semanas, com o ethereum, a segunda maior criptomoeda depois do bitcoin, perdendo cerca de 50% de seu valor. O preço do bitcoin também caiu drasticamente de seu máximo histórico de quase US$ 65 mil por unidade em meados de abril, após comentários do bilionário e CEO da Tesla, Elon Musk, e temores de uma repressão contra as moedas digitais por parte da China diminuindo o brilho do bitcoin.

Após os acontecimentos, Todd Morley, cofundador e ex-executivo da companhia de serviços financeiros Guggenheim Partners, que se tornou um investidor e empresário no ramo das criptomoedas e blockchain, disse que acha que o ethereum tem uma “utilidade muito maior” do que o bitcoin.

LEIA MAIS: Tudo sobre finanças e o mercado de ações

“O ethereum, para mim, tem uma utilidade muito maior [do que bitcoin] em função dos contratos inteligentes”, disse Morley à Bloomberg TV, alertando que as empresas que não têm uma estratégia digital estão em risco e indicando que essas companhias podem rapidamente envelhecer no setor de tecnologia.

“Essas tecnologias estão se movendo muito rápido para outras partes do mundo. Os desenvolvedores de aplicações para o ethereum cresceram 20x nos últimos seis anos consecutivos, muito, mas muito mais rápido do que a Lei de Moore, então é aí que entra a emoção.”

A Lei de Moore, cunhada pelo engenheiro Gordon Moore em 1965, postula que as velocidades de computação dobram a cada dois anos junto com o número de transistores por chips.

Nos últimos 12 meses, a popularidade das chamadas DeFi (Finanças Descentralizadas) – usando a tecnologia das criptomoedas, construída sobre a rede ethereum para recriar instrumentos financeiros tradicionais, como empréstimos e juros, projetados para substituir o papel dos bancos por protocolos baseados em blockchain – disparou, impulsionando os preços do ethereum.

Enquanto isso, a rede ethereum ganhou outra funcionalidade com a crescente popularidade dos NFTs (Tokens Não Fungíveis), amplamente emitidos no blockchain do ethereum para digitalizar arte e itens colecionáveis.

As altas no preço do ether nos últimos meses ultrapassou em muito as do bitcoin: quase 1.000% de valorização no ETH contra ganho de 300% no BTC, apesar da recente queda dos preços do ethereum. A capitalização de mercado do ethereum, definida pelo valor combinado de todos os tokens de ether em circulação, disparou para aproximadamente US$ 300 bilhões, quase metade dos cerca de US$ 700 bilhões do bitcoin.

No início deste mês, um relatório do Goldman Sachs deu ao ethereum uma “grande chance” de ultrapassar o bitcoin como uma reserva de valor “dominante” – chamando-o de “Amazon da informação”.

“Dada a importância dos usos reais na determinação de reserva de valor, o ether tem uma grande chance de ultrapassar o bitcoin como reserva dominante”, escreveram analistas do Goldman Sachs.

As atualizações do ethereum, esperadas há muito tempo, iniciadas no final do ano passado e projetadas para ajudar a escalar a criptomoeda e reduzir seus altos custos de transação, também ajudaram o preço do ether a atingir níveis nunca antes vistos.

Mark Cuban, o investidor bilionário que ficou famoso pela versão norte-americana do reality show Shark Tank, disse esperar que a tão esperada atualização 2.0 do ethereum desperte o desenvolvimento de aplicativos que tornem o bitcoin insignificante.

Fonte: https://forbes.com.br/

domingo, 30 de maio de 2021

“Me sinto um idiota por não ter comprado Bitcoin”, diz o bilionário Stanley Druckenmiller

 


O bilionário Stanley Druckenmiller, CEO da Duquesne Family Office e diretor administrativo da Duquesnefalou recentemente o que pensa sobre Bitcoin, Ethereum e até Dogecoin, a criptomoeda meme que recentemente conquistou o mercado.

Druckenmiller fundou sua própria empresa de investimentos em 1981, a Duquesne Capital Management. Ele estabeleceu um histórico tão forte que George Soros o recrutou para trabalhar no Quantum Fund, onde ele atuou de 1988 a 2000.

O investidor veterano disse à Hustler que Dogecoin é como um NFT (token não fungível). “É uma manifestação da política monetária mais maluca da história.” E acrescentou: “Acho que, como não há limite de oferta, não vejo utilidade nisso. É apenas essa onda de dinheiro da teoria do tolo maior.”

Ele disse que prefere pensar que Dogecoin não existe e que nem se importa quando o preço do ativo digital sobe.

“Eu apenas tento fingir que DOGE não existe. Penso tão pouco nisso que nem me incomoda quando sobe.”

Bitcoin

Druckenmiller dizia no passado que o Bitcoin era uma “solução em busca de um problema”. Depois ele percebeu qual problema o Bitcoin resolvia – e esse problema foi chamado de “bancos centrais”.

“Eu encontrei o problema: quando realizamos o ato CARES e o presidente Powell começou a cruzar todos os tipos de linhas vermelhas em termos do que o Fed (Banco Central dos EUA) faria e não faria. O problema era Powell e os banqueiros centrais do mundo enlouquecendo e tornando a moeda fiduciária ainda mais questionável do que já era quando eu tinha ouro.” disse ele.

O investidor bilionário nunca teve interesse em comprar Bitcoin, então quando o preço do ativo subiu de US $ 50 para US $ 17.000 ele disse que se sentiu um “idiota”.

“No primeiro movimento do Bitcoin – acho que de US $ 50 para US $ 17.000 – eu simplesmente fiquei sentado lá, horrorizado. E […] eu queria comprar todos os dias. Estava subindo e – embora eu não pensasse muito nisso – simplesmente não conseguia suportar o fato de que estava subindo e eu não tinha.”, disse ele.

Ele então decidiu comprar a moeda digital mas teve alguns problemas, mas não explicou quais foram.

“Levei 2 semanas para comprar US $ 20 milhões [em Bitcoin]. Comprei por cerca de US$ 6.500, eu acho. E eu pensei, isso é ridículo. Sabe, demorei duas semanas. Posso comprar ouro em 2 segundos”, lamentou, acrescentando: “Então, me sinto um idiota, comprei, quando olhei de novo a moeda estava sendo negociada por US $ 36.000.”

Druckenmiller revelou também que tirou “alguns custos” do seu investimento em Bitcoin – mas ainda mantém uma quantia não revelada na moeda digital.

Ethereum

Falando sobre a segunda criptomoeda mais famosa do mundo, Druckenmiller disse que acha que o Bitcoin ganhou o jogo da reserva de valor porque é uma marca – “Existe há 13-14 anos e tem um estoque finito.”, disse ele, acrescentando que o Bitcoin será muito difícil de ser derrubado por outra criptomoeda.

Apesar de reconhecer a importância do Ethereum como uma líder no mercado de contratos inteligentes, ele afirmou que é cético quanto à capacidade da plataforma manter a posição.

“Isso me lembra um pouco do MySpace antes do Facebook. Ou talvez uma analogia melhor seja o Yahoo antes do surgimento do Google.”

Ele descreveu: “O Google não era muito mais rápido que o Yahoo, mas não precisava ser. Tudo que precisava ser um pouco mais rápido e o resto é história.”

Fonte: https://livecoins.com.br/


sábado, 29 de maio de 2021

Mineradores de Bitcoin financiam um dos maiores projetos de energia solar do mundo

 


700.000 painéis solares (foto) que podem fornecer energia para 40.600 residências serão implantados em Butte, Montana (EUA). O projeto é da empresa Madison River Equity, que está buscando uma licença para instalar os painéis em uma área de 1.600 acres.

Os painéis solares podem produzir quase 300 megawatts por ano, 75 dos quais para a Coin Miner LLC, uma empresa de mineração de Bitcoin.

O restante, 225 megawatts, podem ir para outras empresas de serviços públicos, incluindo outras indústrias em Montana.

Se aprovado, este será um dos maiores parques solares dos Estados Unidos, impulsionando a produção de energia verde em todo o país.

O financiamento visa principalmente a mineração de Bitcoin, com oito novos edifícios contendo uma fazenda de mineração, bem como uma academia de programação nas instalações.

200 empregos serão criados durante a construção, incluindo 10 funcionários permanentes para manter os painéis solares, enquanto os edifícios do Atlas oferecerão trabalho para 90 pessoas, incluindo 60 eletricistas sindicais.

Todo o projeto, incluindo construção e materiais, custa US $ 800 milhões, com o projeto solar custando US $ 250 milhões.

Mineração de Bitcoin com Energia Verde

Em uma época em que a China, que controla mais de 60% da mineração de Bitcoin no mundo, proibiu as atividades de mineração no país, a equipe diz que a proposta de instalação de energia solar pode abrigar empresas que quiserem migrar de região.

Esta é uma das maiores operações de mineração de “Bitcoin verde” nos Estados Unidos e no mundo, com a mineração da criptomoeda começando a aumentar a produção de energia renovável, dois terços serão vendidos para a rede, potencialmente substituindo o carvão ou outras fontes de energia suja.

Um porta-voz do projeto disse que a empresa está migrando da mineração de Bitcoin, que usa máquinas ASIC de alta potência, para processadores GPUs, para minerar Ethereum.

Ao substituir suas máquinas mais antigas por GPUs atualizadas, eles reduziram substancialmente as taxas de energia do centro para 25 megawatts.

O objetivo final do projeto é alimentar a instalação de mineração completamente com energia solar e colocar o restante da energia na rede.

Os desenvolvedores disseram que a fazenda solar terá capacidade para abastecer cerca de 40.000 residências, o que ultrapassa em muito o tamanho da cidade, que tem cerca de 15.000 residências, conforme mencionado na reportagem local.

Os residentes da cidade estão preocupados com o impacto do projeto. A maioria das críticas gira em torno da construção de energias renováveis ​​para novos projetos, enquanto uma grande parte da infraestrutura crucial existente ainda está esperando para lidar com sua pegada de carbono.

Fonte: https://livecoins.com.br/


sexta-feira, 28 de maio de 2021

A queda do bitcoin: o que esperar daqui em diante?

 


bitcoin sofreu um duro golpe e caiu quase 50% em poucos dias. A moeda, que já é volátil por natureza, sofreu grande impacto de notícias, fatos e mesmo assim ainda tem ganho significativo no ano. O preço do ativo, depois de alcançar US$ 65.000 em abril, já rompeu a barreira dos US$ 30.000; e enquanto esse artigo está sendo elaborado tinha voltado a US$ 37 mil.

Para tentar traçar uma perspectiva futura da criptomoeda é interessante analisar as causas deste tombo e o que podemos tirar de lição para o futuro próximo (e não tão próximo também).

Previsões bitcoin

Pelo lado positivo podemos destacar que, apesar da queda, índices e pesquisas que mostram o ânimo do investidor, que costuma comprar criptomoeda, revelam que, apesar do tombo, não há razões para, pelo menos no curto prazo, pensar que houve ou haverá um desespero para se livrar do ativo. O investidor está sim um pouco assustado, mas não desesperado como no início da crise do coronavírus em que a moeda chegou a bater US$ 4.000 por unidade. Momentos como esse, de cautela, mas não desespero, costumam ser bons pontos de compra de qualquer ativo, principalmente pensando em não tão longo prazo.

Além disso, vale a pena lembrar que, mesmo com essa queda, quem comprou a moeda virtual há um ano ainda acumula rendimento de mais de 150%, o que o deixa tranquilo mesmo em relação a essas variações, que são normais em um ativo tão arriscado.

Queda no bitcoin

Mas a análise de longo prazo pode trazer algumas preocupações e dúvidas. Dois foram os principais motivos do tombo do preço da criptomoeda: um de ordem privada e outro de ordem pública. O primeiro está relacionado com declarações do presidente da Tesla, Elon Musk e o segundo com ações do governo chinês.

Em fevereiro deste ano, o mercado ficou atônito quando o presidente da Tesla, Elon Musk, afirmou que a empresa tinha comprado US$ 1,5 bilhão em bitcoins, além de confirmar que começaria a aceitar o ativo nas compras de seus produtos. Por certo, este fato fez com que o preço da moeda subisse fortemente. Mas agora, em maio, o mesmo Elon Musk alegou preocupações ambientais para se desfazer de boa parte dessa moeda. As preocupações ambientais foram causadas, segundo ele, pelo processo de mineração das bitcoins que exige computadores ligados ao mesmo tempo sem parar, por dias e noites. Esse foi um enorme impulso para a queda de preços da criptomoeda. 

Apesar da justificativa ecológica, outros motivos parecem serem fortes o suficiente para a venda: o lucro trimestral da Tesla, divulgado, foi de US$ 438 milhões, mais de 2.000% maior do que do primeiro trimestre do último ano. Deste montante US$ 100 milhões vieram da venda de bitcoins, dos quase US$ 1,5 bi comprados durante o ano anterior. Esse valor representa um quarto do resultado trimestral da empresa, o que mostra a importância das transações com bitcoins no resultado. E mostra também como o ativo ainda é frágil a grandes movimentações e/ou manipulações.

A outra causa da queda foi a ameaça do governo chinês de reprimir transações especulativas com bitcoin dentro do território daquele país. O problema desta afirmação é que em um país totalitário “reprimir especulação” pode significar, na verdade, a proibição de transações com a moeda. Sabe-se que o governo chinês já está há mais de cinco anos preparando o caminho para o lançamento de uma moeda eletrônica virtual, que seria oficial e “emitida” pelo Banco do Povo Chinês.

Em geral, os bancos centrais não simpatizam com criptomoedas. Distorcem seus planos já que afetam diretamente a quantidade de moeda na economia, dificultando o controle de política monetária. Assim os Estados Unidos também estão em processo de construção de sua nova moeda adiantado. Até o Brasil já mostrou que iniciou os estudos para a criação do real virtual. 

Em termos de regulação, também vemos um claro aperto às criptomoedas, para que não seja um meio de lavagem de dinheiro. Nos Estados Unidos, transações de mais de US$ 10.000 teriam de ser reportada ao Fisco, defende o Tesouro norte-americano. O Banco Central europeu relacionou as criptomoedas a bolhas e atividades de lavagem de dinheiro. 

Criação de moedas virtuais

Resumindo, a criação de moedas virtuais deve começar a ser frequente, o que cria um enorme risco à bitcoin e outras moedas virtuais não- ficiais, pois vai gerar um aumento significativo da oferta destas e deve pressionar para baixo os preços de todas as criptomoedas. Além disso, a pressão de bancos centrais contra a evolução de moedas virtuais também pode colaborar. Vale lembrar que, antes da queda, toda a oferta de bitcoin no mundo valia US$ 2 trilhões (chegou a US$ 1,3 trilhões depois da queda), sendo muito suscetível a especulações e a ofensivas de bancos centrais. 

Esses fatos trazem claro risco às moedas virtuais não oficiais e a seus detentores no futuro, pois estas sofrerão muitas ameaças pelo novo cenário. Isso deve ser levado em consideração quando alguém quiser investir nelas. Não quer dizer que ainda não possa subir, mas os riscos se intensificarão.

Fonte: https://www.contabeis.com.br/


quinta-feira, 27 de maio de 2021

O que esperar dos US$2,1 bilhões de opções de Bitcoin expirando nesta sexta-feira

 


Neste momento, quando o mercado de criptomoedas está continuamente alimentando as perdas, uma repetição pode ajudar muito a suavizar os golpes de baixa.

Uma corrida de touros de Bitcoin de curto prazo pode estar em andamento

Com 55.000 opções de Bitcoin vencendo nesta sexta-feira (28), levando a uma posição aberta de US$40.000 a um preço à vista de US$130 milhões, o mercado pode estar prestes a entrar em uma corrida de alta no curto prazo.

No entanto, é importante observar que a possibilidade disso não é certa para tirar o dilema em curso do mercado. Pode parecer ironia, mas o mercado está entrando em uma corrida de alta em um mercado de baixa.

Embora vendo que o mercado em baixa seja considerado uma tendência de curto prazo, os analistas estão otimistas. Eles acreditam que um mercado em alta será registrado no longo prazo.

O Bitcoin esteve em uma zona de perigo durante a maior parte da semana passada, quando os preços caíram para US$30.681 no dia 19 de maio. No momento da escrita deste artigo, o Bitcoin está sendo negociado a US$39.210, uma das marcas mais baixas do mercado.

Ponto de Vista dos Jogadores da Indústria

Enquanto isso, em comparação com a longa lista de altcoins existentes, o Bitcoin corrigiu mais no ganho semanal do que qualquer outro ativo nas dez categorias principais. Suas perdas caíram para até 18%, enquanto o mercado baixista continua a reduzir o valor de outros ativos em metade.

Os traders estão mantendo os dedos cruzados para o retorno do mercado em alta, que deve enviar o Bitcoin para até US$100.000. Muitos analistas e grandes investidores como o CZ da Binance estão mais do que certos de que HODLing é a estratégia mais promissora no momento.

Investidores institucionais devem impulsionar o mercado para novos níveis

O futuro do próximo ciclo de alta pode ter influencia de investidores institucionais que, neste momento, estão entrando em ação para comprar a queda.

Recentemente, a gigante de TI Globant (NYSE:GLOB) revelou que estava comprando Bitcoin. A empresa líder de TI, que se autodenomina líder no fornecimento de engenharia, inovação e design por meio da criação de produtos de software, está avaliada em US$8,7 bilhões.

É fato que os US$500.000 em Bitcoin comprados não se comparam aos bilhões de dólares em BTC comprados por muitas outras instituições. Entretanto, a comunidade de Bitcoin concorda coletivamente que é um grande passo para o mercado.

Fonte: Criptonizando


quarta-feira, 26 de maio de 2021

Bitcoin: o que explica sobe e desce da criptomoeda, com queda vertiginosa após valorização recorde?


 

Enquanto muitas bolsas no mundo vêm subindo neste ano, com as economias de diversos países aguardando recuperação pós-pandemia nos próximos meses, um segmento em especial no mercado financeiro vem sofrendo um dos seus maiores revezes nas últimas semanas: as criptomoedas.

As criptomoedas estiveram entre os ativos mais valorizados ao longo da pandemia —com alta superior a 400%.

No ano passado, o valor do bitcoin (a criptomoeda mais popular do mundo) saltou 255% —indo de US$ 9.350 em janeiro para US$ 33.114 mil (R$ 175,9) no fim do ano.

E no começo de 2021, em menos de três meses, esse valor praticamente dobrou para US$ 59 mil (R$ 313,5 mil), antes de cair em maio para abaixo de US$ 34 mil (R$ 180,6 mil).

As flutuações de valor do bitcoin costumam ser violentas —tanto para cima quanto para baixo— mas os motivos que determinam esta volatilidade são menos claros para especialistas e analistas de mercado.

 
Representação virtual do bitcoin - Dado Ruvic - 20.mai.21/Reuters

O QUE ACONTECEU DE NOVO NO MUNDO DAS CRIPTOMOEDAS?

Como acontece com diversos outros produtos financeiros, a cotação das criptomoedas costuma variar de acordo com o noticiário sobre o setor.

E os últimos meses foram particularmente agitados no noticiário sobre criptomoedas:

Em fevereiro, a empresa de carros elétricos Tesla anunciou que começaria a aceitar pagamentos em bitcoin na venda de seus veículos. Mais do que isso, o próprio balanço financeiro da empresa revelou que ela tinha US$ 1,5 bilhão em bitcoins. Os anúncios levaram a uma alta de 14% na criptomoeda, com a cotação atingindo US$ 44 mil.

Em março, a cotação da moeda ultrapassou a marca de US$ 59 mil com a notícia de que a empresa de pagamentos PayPal passaria a permitir que consumidores americanos usassem o bitcoin para pagar em diversas lojas no mundo que aceitam PayPal. O anúncio original do projeto, feito em outubro do ano passado, já havia provocado uma alta repentina na moeda na ocasião.

No mês de maio, no entanto, más notícias começaram a reverter a tendência de alta do bitcoin. Primeiro, houve o recuo da Tesla na sua intenção de aceitar criptomoedas para a compra de carros — provocando uma queda de 10% no valor do bitcoin. O fundador da Tesla citou a preocupação ambiental como motivo pela decisão, já que o processo de mineração de criptomoedas (que é a forma como elas são emitidas digitalmente) consome energia demais.

Em seguida, a moeda voltou a cair cerca de 10% com autoridades chinesas proibindo bancos e firmas de pagamento de fornecer serviços relacionados a transações de criptomoeda. A China também alertou os investidores contra a negociação especulativa de criptomoedas.

- Na semana passada, o Banco Central americano disse que vai quer apertar o cerco contra empresas e milionários americanos que usam criptomoedas para evitar de pagar impostos. As autoridades estudam cobrar impostos em ativos de criptomoedas em carteiras avaliadas em mais de 10 mil dólares — o que repercutiu negativamente entre investidores em criptomoedas.

- Na mesma semana, o novo diretor da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, Gary Gensler, afirmou que é preciso haver maior regulação em mercados de criptomoedas.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM AS CRIPTOMOEDAS?

Mais do que só o noticiário, as criptomoedas vêm enfrentando também uma espécie de "crise de identidade" nos últimos anos que tem sido determinante na volatilidade recente desses ativos.

Existe uma grande controvérsia nas comunidades tecnológica e financeira sobre qual é o valor real das criptomoedas para a sociedade.

Elas seriam realmente uma inovação no sistema monetário internacional — capazes de um dia suplantar as moedas tradicionais? Ou seriam apenas um mecanismo de especulação sem valor intrínseco algum — e fadadas a desaparecerem quando "a bolha estourar"?

Quando o bitcoin foi inventado em 2009, por uma pessoa misteriosa (ou coletivo de pessoas, talvez) conhecida apenas como Satoshi Nakamoto, acreditava-se que as criptomoedas poderiam ser uma espécie de futuro das moedas e dos sistemas de pagamento.

As criptomoedas são sequências de dados criptografados com tecnologia que possuem um valor de troca no mercado. Ao contrário de uma moeda tradicional, como o dólar ou o real, a criptomoeda não é emitida por uma autoridade centralizadora, como um Banco Central.

Isso faz com que a cotação da moeda não fique diretamente exposta à política monetária de um país — que é geralmente determinada por fatores como o índice de inflação ou o ritmo de crescimento econômico.

Sem uma entidade reguladora, o preço de uma moeda como o bitcoin é formado pela oferta e demanda — além de outros fatores, como custo de mineração (o processo para efetivação de transações em criptomoeda), tentativas regulatórias por parte de governos e a existência de outras criptomoedas concorrentes.

Entusiastas das criptomoedas acreditam que com o aperfeiçoamento da tecnologia, elas vão bareatear o custo das transações financeiras futuras e eventualmente eliminar uma série de intermediadores no processo — como bancos, empresas de cartão de crédito e corretoras.

Além disso, pelo fato de o sistema ser descentralizado, ele seria em tese imune à intervenção direta de governos, que podem cometer equívocos nas suas políticas monetárias.

QUAIS SÃO OS PROBLEMAS DAS CRIPTOMOEDAS?

As criptomoedas também têm muitos críticos.

Alguns críticos dizem que a promessa de inovação como tecnologia de pagamentos nunca foi cumprida.

"Já sabemos há uns anos que bitcoin não funciona como um meio de pagamento mainstream. Sua capacidade é muito baixa. Ele só consegue suportar cerca de sete transações por segundo, o que é bastante imprestável para o sistema global de transações. E quando as transações começam a aumentar em volume e o preço sobe, as tarifas começam a ficar altas demais", disse à BBC Frances Coppola, autora e especialista em criptomoedas.

Outro problema levantado é a altíssima pegada ambiental das criptomoedas. O processo conhecido como mineração — usado para validar transações em criptomoedas — consome quantidades enormes de energia elétrica. Na mineração, diversos computadores do mundo concorrem para resolver um problema matemático necessário para efetuar a transação financeira. O dono do computador vencedor nessa disputa ganha uma pequena parte em criptomoeda — que serve de incentivo financeiro para a atividade.

No entanto, a grande maioria dos computadores envolvidos na tentativa fracassa — consumindo enormes quantidades de energia elétrica que são desperdiçadas do ponto de vista ambiental.

O Centro de Finanças Alternativas, um instituto de pesquisas da Universidade de Cambridge (CCAF), calcula que o consumo total de energia do bitcoin é de algo entre 40 e 445 terawatts-hora ao ano (TWh). A estimativa mais baixa equivale a mais que toda a energia consumida pela Argentina em um ano.

Outro problema é que as criptomoedas vêm atraindo mais pessoas devido ao seu alto poder de especulação financeira do que por sua capacidade inovadora como meio de pagamento.

Em apenas cinco anos, o bitcoin valorizou-se em 56 vezes. Uma estimativa afirma que quase 100 mil americanos se tornaram "criptomilionários" por adquirirem as moedas — mas esse número é difícil de ser confirmado de forma independente.

No começo, as criptomoedas eram restritas apenas a pessoas com algum conhecimento em tecnologia — já que todo processo para aquisição de uma moeda envolvia a criação de uma carteira especial para armazenar a chave da moeda (que é usada pelo dono da moeda para acessar seu dinheiro). Esse processo envolve certos riscos — como o de a pessoa perder a sua chave ou ter seus dados roubados por um hacker.

Mas nos últimos anos as criptomoedas ficaram muito mais fáceis de serem adquiridas pelo público não especializado em informática, já que passaram a ser oferecidas indiretamente como partes de produtos financeiros em bancos e corretoras.

Em vez de uma carteira para criptomoedas, é preciso apenas ter uma conta comum em banco ou corretora que ofereça esse produto.

Neste ano, em corretoras brasileiras, foram lançados fundos de investimentos cujos recursos estão aplicados em criptomoedas (parte do recurso investido nesses fundos ainda é atrelado em papéis do Tesouro brasileiro, como forma de expor investidores apenas parcialmente à flutuação das criptomoedas).

Em abril, a bolsa brasileira começou a negociar o primeiro ETF (Exchange-traded fund) em criptomoedas, que é uma espécie de fundo de investimento que funciona como se fosse uma ação.

O lançamento foi considerado um sucesso — e em poucos dias o ETF captou R$ 1 bilhão, se tornando o terceiro maior ETF da bolsa brasileira.

Ou seja — é possível comprar e vender ativos cuja cotação acompanha a das criptomoedas com uma simples operação de compra e venda na bolsa que dura segundos. A volatilidade do ETF brasileiro de criptomoedas é semelhante ao da cotação das criptomoedas — o preço do ETF já variou 56% em apenas um mês de existência, permitindo ganhos (e perdas) relativamente grande a investidores.

Outro problema que surge recentemente para os entusiastas das criptomoedas é regulação — que praticamente inexiste hoje. Mas autoridades reguladoras dos EUA e da China já sinalizaram que pretendem criar leis e melhorar a tributação desta classe de ativos, o que pode torná-los menos atraentes no futuro.

O QUE OS ESPECIALISTAS PENSAM SOBRE O FUTURO DAS CRIPTOMOEDAS?

Mais de uma década desde a sua criação, o bitcoin continua dividindo opiniões na comunidade financeira internacional.

Não existe um consenso sobre se a moeda vai realmente se estabelecer no futuro, ou se um dia a "bolha vai estourar".

Mas alguns bancos tradicionais como Goldman Sachs e Morgan Stanley, que no passado duvidaram das criptomoedas, recentemente abraçaram a nova tecnologia e lançaram operações nesses ativos para seus clientes.

Mas as criptomoedas seguem sofrendo resistências de diversas outras vozes.

Na semana passada, novas vozes se levantaram contra o uso do bitcoin — entre eles a do vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos.

"Quando você tem dificuldades para descobrir quais são os verdadeiros fundamentos de um investimento, então o que você está fazendo não é um investimento real", disse Guindos sobre criptomoedas, em entrevista. "Este é um ativo com fundamentos muito fracos e que estará sujeito a muita volatilidade."

No mesmo dia, o economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel e crítico de longa data das criptomoedas, escreveu: "Hoje em dia usamos o bitcoin para comprar casas e carros, pagar nossas contas, fazer investimentos comerciais e muito mais... Oh, espere. Nós não fazemos nenhuma dessas coisas. Doze anos depois, as criptomoedas quase não desempenham nenhum papel na atividade econômica normal".

"Já participei de várias reuniões com entusiastas da criptomoeda e/ou blockchain (a tecnologia das criptomoedas). Nessas reuniões, eu e outras pessoas sempre perguntamos, da maneira mais educada possível: 'Que problema essa tecnologia resolve? O que ela faz que outras tecnologias, muito mais baratas e fáceis de usar, não podem fazer tão bem ou melhor?' Ainda não ouvi uma resposta clara. Mesmo assim, os investidores continuam pagando grandes quantias por esses tokens digitais".

Também na semana passada, o diretor do Banco Central americano (Federal Reserve), Jerome Powell, surpreendeu ao anunciar que o próprio órgão acompanha de perto as criptomoedas e pode vir a adotar algum tipo de tecnologia para lançar uma moeda digital própria.

Em março, ele havia criticado fortemente o bitcoin por não cumprir uma das funções primordiais das moedas, que é a de servir como reserva de valor. Powell disse então que o bitcoin se comporta hoje mais como um substituto do ouro do que do dólar — servindo mais como mecanismo de especulação do que para reserva de valor.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/