sexta-feira, 2 de julho de 2021

Mercado Bitcoin recebe US$ 200 milhões do Softbank e será 1º unicórnio cripto no Brasil

 A holding 2TM, dona do Mercado Bitcoin, primeira e maior plataforma brasileira de negociação de bitcoins e criptomoedas, anuncia nesta quinta-feira (1º de julho) um aporte de US$ 200 milhões (R$ 996,5 milhões) do Softbank.

A empresa foi avaliada em US$ 2,1 bilhões (R$ 10,51 bilhões). Com isso, vai se tornar o primeiro unicórnio cripto no Brasil, e a oitava maior entre as cerca de 20 startups unicórnios na América Latina – um time que inclui nomes como Stone, Rappi, Creditas, 99, iFood e Nubank, além da exchange de criptomoedas mexicana Bitso.

O investimento é o maior de “série b” já realizado em uma startup no Brasil, e é também o mais volumoso aporte feito pelo grupo japonês de venture capital no segmento cripto na América Latina.


É a segunda rodada no Mercado Bitcoin em menos de seis meses. A holding já havia recebido em janeiro um investimento de “série a” – um estágio anterior na aceleração de startups – de fundos da GP Investments e da Parallax Ventures, no valor de R$ 200 milhões.

Após aquele aporte, a empresa fez aquisições, como da Blockchain Academy, um braço de educação financeira sobre criptoativos e da gestora de fundos ParMais, além de uma compra de participação na FIDD, que presta serviços de administração e custódia, além de operar como DTVM.

Mas o aquecimento vertiginoso do mercado de criptomoedas ensejou um novo aporte, e em magnitude inédita, com os objetivos de ampliar a atuação, expandir fronteiras e criar um marketplace completo de investimentos alternativos.

No período, o bitcoin saltou de US$ 10 mil, em outubro, para US$ 65 mil em abril – depois, caiu para o patamar atual de cerca de US$ 35 mil. A valorização veio no embalo de uma disparada nos investimentos institucionais, pontuada por marcos como as aplicações de bilhões de dólares de empresas como MicroStrategy e Tesla, a adesão de gestoras, como a BlackRock, e as integrações com criptomoedas anunciadas por empresas de pagamentos, como o PayPal.


E essa alta acelerou a atuação do Mercado Bitcoin no Brasil. Contando apenas os primeiros seis meses de 2021, a base de clientes da empresa cresceu mais de 33%, saltando de 2,1 milhões para 2,8 milhões e se aproximando dos cerca de 3,5 milhões de CPFs registrados na bolsa de valores. Com isso, a exchange estima ter angariado mais de 70% do total estimado de investidores em criptoativos no Brasil.

A equipe de funcionários também se multiplicou, de 100 colaboradores em março de 2020 para 200 em dezembro, 500 hoje e 700 até o fim de 2021, segundo os planos da empresa.

E, nos seis primeiros meses deste ano, a exchange ultrapassou a marca de R$ 25 bilhões em movimentação, superando os R$ 20 bilhões que tinha acumulado em toda a história até dezembro.

Crescimento internacional e diversificação de produtos

O Mercado Bitcoin nasceu em 2013, desde sempre preocupado em fazer a ponte entre o mercado não regulado e o regulado e investindo em confiança, tendo em mente que a credibilidade é essencial para levar uma indústria nova a um público maior”, afirma Gustavo Chamati, fundador da empresa.

Até este ano, diz Chamati, a empresa contava apenas com o reinvestimento de seus lucros e só havia recebido aplicações dos sócios, na fundação, e de alguns “smart investors” agregados à estrutura como conselheiros, em 2017.

Agora, segundo Chamati e Reinaldo Rabelo, presidente da exchange, os recursos injetados pelo Softbank serão utilizados para ampliar equipe e estruturas, internacionalizar a operação e acelerar a expansão dos negócios para outras atividades além da intermediação de compra e venda de criptomoedas.

(esq-dir) Gustavo Chamati, co-fundador da exchange Mercado Bitcoin, Mauricio Chamati, co-fundador do Mercado Bitcoin,  de Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin, e Roberto Dagnoni, CEO Grupo 2TM — Foto: Claudio Belli/Valor

(esq-dir) Gustavo Chamati, co-fundador da exchange Mercado Bitcoin, Mauricio Chamati, co-fundador do Mercado Bitcoin, de Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin, e Roberto Dagnoni, CEO Grupo 2TM — Foto: Claudio Belli/Valor

A oferta de produtos pode incluir fundos de investimentos em criptomoedas e outros criptoativos. Mas a ideia geral é ir além do bitcoin, diz Chamati, e aproveitar – em casa ou em parceria com empresas do sistema tradicional – as oportunidades apresentadas pela blockchain, que já começa a ser usada, no exterior, até para negociar ações de empresas.

“O bitcoin é um catalisador, mas temos adicionado mais moedas e produtos, e, no ‘pool’ de investimentos, ele é cada vez menos relevante. Queremos ser o vetor da transformação e preparar o mercado para uma expansão que, no Brasil, ainda nem começou”, ele comenta.

A ideia é intensificar um processo iniciado em 2019, quando o grupo fundou o MB Digital Assets, um braço de tokenização – como é chamado o fracionamento digital de ativos reais usando a blockchain, a tecnologia por trás do bitcoin.

Nessa frente, a empresa vem desde 2019 fracionando ativos reais como precatórios, consórcios e até recebíveis ligados ao mecanismo de solidariedade da Fifa sobre jogadores de futebol, em uma parceria pioneira com o Vasco da Gama. Com isso, esses investimentos, antes restritos a grandes investidores e instituições financeiras, passaram a ser acessíveis por pessoas físicas.

“Estudamos muito para lançar os primeiros tokens sem ferir a regulação, aproveitando a base de clientes para democratizar investimentos. É o caso dos precatórios, que agora podem ser acessados a R$ 100”, comenta o CEO Rabelo, que chegou à empresa em 2017, vindo da Cetip, a empresa de custódia e liquidação da B3.

O aporte do Softbank também vai vitaminar outros negócios do grupo, como o banco digital Meubank, a Blockchain Academy, uma empresa de crowfunding de investimentos (Clearbook) e a Bitrust, dedicada à custódia digital de criptoativos, de olho em atrair investimentos institucionais.

Para Chamati e Rabelo, essa entrada dos institucionais ainda está por acontecer no Brasil, a despeito de pontuais incursões por parte de bancos e empresas. A ideia do Mercado Bitcoin é abrir as portas a esse público.

Também está nos planos promover aquisições de outras empresas, visando a expansão nacional e internacional da exchange, que almeja ser um dos cinco maiores players de criptoativos na América Latina. Os países-alvo nesse momento são México, Argentina, Colômbia e Chile. Os dois primeiros países têm competidores de peso, a Bitso e a Ripio, respectivamente; a primeira também se tornou unicórnio, em maio, e chegou ao Brasil há dois meses, e a segunda está no país desde janeiro, quando comprou a exchange brasileira BitcoinTrade.

IPO fica para depois; ou não?

O volumoso aporte do Softbank adia, ao menos por ora, planos de listar ações na bolsa, embora Chamati ressalve que uma eventual manutenção do ritmo acelerado de crescimento do segmento possa trazer essa ideia de volta à mesa.

“Por hora, a prioridade é acelerar nossos negócios. Ainda temos muitas iniciativas que têm tração a ganhar, e vamos manter o foco nelas antes de nos dedicarmos à dinâmica de companhia aberta que deriva de um IPO”, diz o fundador do Mercado Bitcoin. “Mas”, pondera, “na velocidade com que esse mercado tem se movido, pode ser que faça sentido falar nisso em um futuro próximo; veremos”.


Fonte: https://valorinveste.globo.com/

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